Os bispos espanhóis advertiram hoje aos legisladores que o Projeto de lei de Pesquisa Biomédica "choca-se com os princípios básicos da ética" e "não poderão lhe dar seu voto a favorável, se não ser modificado substancialmente, sem ficar objetivamente em desacordo com a doutrina católica".

Em uma nota do Comitê Executivo da Conferência Episcopal Espanhola (CEE), intitulada "O projeto de Pesquisa Biomédica não protege o direito à vida e permite a clonagem de seres humanos", os bispos também afirmam que esperam que "o bom sentido dos legisladores se imponha às pressões econômicas e ideológicas".

A respeito, o secretário geral e porta-voz da CEE, Pe. Juan Antonio Martínez Camino, explicou durante a coletiva de imprensa de apresentação desta nota celebrada na Casa da Igreja, que o documento faz "um chamado positivo a todos os que têm a responsabilidade de aprovar esta lei para que vejam do que se trata realmente". "Estamos diante de um projeto contrário à vida. Nenhum deputado que vir isto poderia lhe dar seu voto", assegurou.

A nota, que contém oito apartados, também faz referência à doação de óvulos, prática que, segundo os bispos, verá-se "incrementada" depois da aprovação desta lei. "Um problema delicado é também a demanda enorme e crescente de óvulos que suscitará a clonagem, com tudo o que isso implica para as mulheres", sustentam.

Sobre este tema, Martínez Camino, afirmou que "preocupa aos bispos que fique no mercado algo tão pessoal" como os óvulos. Do mesmo modo, alertou sobre o que esta prática "pode significar de pressão e conseqüências psicológicas para as mulheres". "Está claro que as mulheres se sentirão crescentemente sob uma pressão frente a isto que lhes apresenta como uma obra de altruísmo quando se trata de um engano", asseverou.

"Novos abusos contra a dignidade"

Na nota os bispos também afirmam que este projeto de lei, "se não for emendado a fundo pelo Parlamento, não protegerá devidamente a vida humana e abrirá a porta à prática legal de novos abusos contra a dignidade do ser humano".

Do mesmo modo, critica que o texto da lei logo reconheça ao "embrião" depois do décimo quarto dia e que, até esse momento, não conte com "a proteção devida à vida de um ser humano" e, além disso, "possa ser considerado como um mero objeto utilizável para a pesquisa". Frente a esta situação, recordam que tais disposições "não têm fundamento cientista nem antropológico" e, por isso, "rogam que ao menos se outorgue a esses seres humanos incipientes o benefício da dúvida".

Também manifestam sua preocupação de que o projeto permita a pesquisa com embriões humanos vivos que perderam sua capacidade de desenvolvimento, ao sustentar "que não é em modo algum aceitável" que "a capacidade vital se constitua em critério para decidir que uma vida humana passe a converter-se em mero material de pesquisa".

Por outro lado, recordam que a Lei Biomédica, que apesar de "proibir a constituição de embriões com fins de experimentação, autoriza a produção de embriões clonados para obter material de ensaio". A respeito, denunciam que o Governo "tenta salvar esta contradição dando aos embriões clones nomes que permitam dissimular sua verdadeira natureza como 'clonotes' e 'ovócitos ativados'".

Frente a esta situação, consideram "grave que a lei permita que se chegue a esse engano objetivo: não chamar embriões clones aos que realmente o são, dando assim via legal livre a mal chamada clonagem terapêutica".

Leia a Nota completa: http://www.conferenciaepiscopal.es/documentos/Conferencia/biomedica.htm