O jornal El País, porta-voz do Governo, inventou ontem um suposto apoio do Papa Bento XVI às negociações iniciadas pelo Executivo com o grupo terrorista ETA.

El País publicou ontem a nota "o Papa apoiou o processo de paz depois da mediação do bispo Uriarte no Vaticano", em que afirma que o Santo Padre apóia o diálogo com o ETA e assegura que a Igreja no país apóia o Governo desde que o Presidente do Episcopado, Dom Ricardo Blázquez, e o Bispo de San Sebastián, Dom Juan Uriarte, formam um suposto "tándem" dentro da Conferência Episcopal.

O delegado diocesano de Meios de comunicação da Arquidiocese de Madri, Pe. Manuel Bru, desmentiu taxantivamente as conjeturas do País. "além de atribuir falsamente ao Santo Padre Bento XVI um apoio explícito ao mal chamado processo de paz", o jornal "põe na boca do secretário da Conferência Episcopal Espanhola, o Padre Juan Antonio Martínez Camino umas supostas declarações suas que são também absolutamente falsas", sustenta o Pe. Bru.

O sacerdote lembrou que "o Padre Martínez Camino sempre que se referiu a estes temas repetiu a doutrina oficial da Conferência Episcopal em sua instrução pastoral sobre o Terrorismo, que diz, em seu número 40, que um grupo terrorista não pode ser considerado interlocutor político de um Estado legítimo".

Segundo a publicação Liberdade Digital, a razão da falaciosa publicação de El País é que "o Governo não deseja assumir sozinho a responsabilidade de introduzir o ETA no Parlamento Europeu e fraturar a Câmara como já se fraturou a sociedade espanhola pelo chamado ‘processo de paz’".

"Nem existe um apoio explícito de Bento XVI à negociação, nem a reprovação da Igreja a que se reconheça o ETA como interlocutor variou desde a Instrução Pastoral sobre terrorismo de novembro de 2002", afirma Liberdade Digital.

A publicação acrescenta que "Bento XVI esteve na Espanha no mês passado de julho e não fez nenhuma só referência à negociação com o ETA. Em troca, são abundantes e esclarecedoras suas manifestações de condenação sem paliativos do terrorismo global".

"Para construir sua teoria sobre o apoio do Vaticano ao processo de paz, o jornal do Governo se apóia em uma direta declaração de esperança proclamada por Bento XVI durante uma bênção na Praça de São Pedro no dia 5 de abril passado, quando o ETA acabava de declarar a trégua e a sociedade espanhola estava unida em torno da necessidade de explorar as opções de uma paz justa com os terroristas. Sete meses depois, a divisão da sociedade espanhola se fez patente em multitudinárias manifestações e pesquisa contra a fraude de uma trégua que não se respeita nas ruas do País Basco e contra as concessões que o Governo está fazendo ao ETA para que o grupo terrorista não volte a matar", acrescenta.