Os bispos das diocese de Andaluzia rejeitam o projeto de lei que regula "a pesquisa em reprogramação celular com finalidade exclusivamente terapêutica", aprovado pelo Conselho de Governo da Junta da Andaluzia em 12 de setembro e que abre a porta à criação de embriões com "fins terapêuticos".

Através de um comunicado, os prelados advertiram que a "reprogramação celular por transferência nuclear" é um termo amplo que pelo modo como é apresentado, abre a porta à clonagem terapêutica, quer dizer, criar clones humanos para utilizá-los "como material de ensaio científico" para procurar "possíveis e pouco prováveis terapias futuras".

"A clonagem ‘terapêutica’ é um atentado à dignidade, pois subordina o ser humano clonado ao doente. Alimenta a idéia de que é lícito que alguns homens tenham um domínio total sobre outros, até o ponto de determinar sua identidade biológica", assinala o texto.

Os bispos andaluzes indicam que "outro grave problema" é o uso de óvulos humanos para a pesquisa, "já que sua obtenção implica um grave risco para a doadora, que passa por um tratamento hormonal com possíveis conseqüências para sua saúde e uma mínima intervenção para extrai-los". Advertem que "a dignidade da mulher se vê ameaçada ao ficar esta subjugada e submetida ao império da técnica com fins alheios a ela mesma".

Por isso, diante dos problemas éticos que lança este projeto de lei, os prelados expressam seu "preocupação e rejeição" e manifestam "a necessidade de regular a ciência a serviço do ser humano".

Finalmente, os bispos, depois de esclarecer que é lícita a pesquisa com células-tronco de adultos e "o emprego dos recursos públicos para projetos que não levantem dúvidas éticas", expressam a necessidade de trabalhar sobre uma legislação que "impeça pôr nas mãos da ciência o uso de seres humanos".