Ao receber hoje a uma delegação da Liga Anti Difamação (ADL) judaica, o Papa Bento XVI fez um chamado a aprofundar no entendimento mútuo entre os povos, culturas e religiões como via para estabelecer relações que se caracterizem não só pela tolerância, mas sim pelo autêntico respeito e ressaltou que judeus, cristãos e muçulmanos compartilham "muitas convicções comuns" e numerosos âmbitos de cooperação.

Perante os delegados da ADL, o Santo Padre recordou que, em diversas ocasiões, seus membros tinham visitado João Paulo II, e manifestou sua alegria por seguir recebendo grupos representativos do povo judeu.

Em seu discurso breve, o Pontífice assinalou que "no mundo atual, os líderes religiosos, políticos, acadêmicos e econômicos devem enfrentar o desafio de melhorar o diálogo entre os povos e as culturas. Para isso é necessário aprofundar no entendimento mútuo e no compromisso comum de edificar uma sociedade onde imperem cada vez mais a justiça e a paz".

"Devemos –continuou– nos conhecer melhor e, em virtude desse mútuo descobrimento, estabelecer relações que não se caracterizem somente pela tolerância, mas sim pelo respeito autêntico. Judeus, cristãos e muçulmanos compartilham muitas convicções comuns, e há numerosos âmbitos humanitários e sociais onde podemos e devemos cooperar".

Durante sua intervenção, o Bispo de Roma assinalou que a declaração conciliar Nostra Aetate nos recorda que "as raízes judaicas do cristianismo nos obrigam a superar os conflitos do passado e a criar novos laços de amizade e colaboração. Afirma em particular que a Igreja lamenta os ódios, perseguições e manifestações de anti-semitismo de que foram objeto os judeus de qualquer tempo e por parte de qualquer pessoa".

Do mesmo modo, o Papa apontou que "nas quatro décadas transcorridas desde essa declaração se registraram muitos avanços positivos, e também alguns primeiros passos, possivelmente ainda muito tímidos, para uma conversação mais aberta sobre temas religiosos". Precisamente neste nível de intercâmbio e diálogo franco, "encontraremos as bases e a motivação para uma relação sólida e frutífera", acrescentou.

"Que nosso eterno Pai celestial, abençoe todos os esforços para eliminar de nosso mundo qualquer uso errado da religião como pretexto para o ódio ou a violência!", concluiu.