40 mil fiéis se congregaram nesta manhã na Praça de São Pedro para participar da Audiência Geral com o Papa Bento XVI, que ao apresentar as figuras dos apóstolos Simão Cananeu e Judas Tadeu recordou que o diálogo não deve perder de vista as linhas mestras e irrenunciáveis da identidade cristã.

Sobre a carta do Novo Testamento atribuída a Judas, cujo apelido Tadeu significa "magnânimo", o Santo Padre destacou que sua "preocupação central é alertar os cristãos de todos os que com o pretexto da graça de Deus se desculpam de seus desenfreios e enganam os outros com ensinamentos inaceitáveis, introduzindo divisões na Igreja".

"Possivelmente hoje não estamos acostumados a utilizar uma linguagem tão polêmica -observou o Papa-, que embora com imagens muito formosas não deixa de dizer com muita claridade o que caracteriza o cristianismo e o que é incompatível com ele".

"É preciso prosseguir com perseverança o caminho da indulgência e do diálogo, felizmente empreendido pelo Concílio Vaticano II. Mas não podemos esquecer o dever de repropor e destacar sempre com igual força as linhas mestras e irrenunciáveis de nossa identidade cristã, que não é apenas cultural, mas sim requer a força, a clareza e a coragem dos desafios próprios da fé". precisou.

Igualmente, o Bispo de Roma se referiu a Simão Cananeu, chamado também "zelota", quem como resultado de tal nome poderia ser caracterizado "por um ardente zelo pela identidade judaica, portanto por Deus, por seu povo e pela Lei divina".

"De ser assim, Simão é completamente diferente de Mateus -disse o Santo Padre-, que como publicano, procedia de uma atividade considerada impura. Este é um sinal evidente de que Jesus chama seus discípulos e colaboradores de todos os níveis sociais e religiosos, sem diferenças. Interessam-lhe as pessoas, não as categorias sociais ou as etiquetas".

"Seus seguidores, embora diversos, coexistiam superando as imagináveis dificuldades: Jesus era o motivo de coesão. Nós, ao contrário, tendemos freqüentemente a sublinhar as diferenças e inclusive as contraposições, esquecendo que em Jesus Cristo reside a força para resolver nossos conflitos", apontou.

Finalmente o Papa leu um resumo de suas palavras em diversos idiomas, entoou o Pater Noster e deu a Bênção Apostólica.