O Pontifício Conselho "Justiça e Paz" publicou nesta quarta-feira uma nota intitulada "A luta contra a corrupção", que resume os pontos principais da conferência sobre esse tema organizado no mês passado de junho por esse dicastério e em que participaram funcionários internacionais, diplomatas e especialistas neste mal endêmico, especialmente nos países do Terceiro Mundo.

O documento destaca que a corrupção, que "atravessa todos os setores sociais e não pode atribuir-se somente aos operadores econômicos ou aos funcionários públicos", está favorecida, entre outras coisas, "pela disparidade de nível nas formas de combatê-la, freqüentemente limitada ao interior do Estado"

Citando o Compêndio da Doutrina Social da Igreja, o texto lembra que a corrupção "transtorna em sua raiz o papel das instituições representativas" que se utilizam como "terreno de troca política entre as petições dos interessados e as concessões dos governantes. Desse modo, as decisões políticas favorecem os objetivos limitados de quantos possuem os meios para as influenciar e impedem o bem comum de todos os cidadãos. A corrupção é uma das causas que contribuem para o subdesenvolvimento e a pobreza, privando os povos do bem comum fundamental que é a legalidade".

Para superar a corrupção, diz a nota, "é positivo o passo de sociedades autoritárias a sociedades democráticas".

Também se destaca que a Igreja pode ter um papel "cada vez mais relevante na prevenção da corrupção, contribuindo eficazmente à educação e formação moral dos cidadãos, especialmente com os princípios orientadores fundamentais de sua doutrina social: dignidade da pessoa humana, bem comum, solidariedade, subsidiariedade, opção preferencial pelos pobres, destino universal dos bens.

"A luta contra a corrupção é um valor, mas também uma necessidade; a corrupção é um mal, mas também supõe um custo; o rechaço da corrupção é um bem, mas também uma vantagem; o abandono das práticas corruptas pode gerar desenvolvimento e bem-estar; os comportamentos honestos devem ser incentivados e os desonestos penalizados", adiciona o texto.

Do ponto de vista internacional, conclui, "dado que o crime organizado não tem fronteiras, terá que aumentar a colaboração entre os governos, também com acordos sobre procedimentos para confiscar e recuperar o que se percebeu ilegalmente".