Ao dedicar hoje sua audiência ao Apóstolo São Bartolomeu, o Papa Bento XVI assinalou nesta quarta-feira que o santo demonstra que os cristãos requerem de uma experiência viva e testemunhal de Jesus.

Falando a mais de 30 mil pessoas, o Pontífice assinalou que este apóstolo, "do que não se têm notícias de relevo", disse o Papa, "identifica-se tradicionalmente com Natanael, nome que significa ‘Deus deu’. No relato evangélico o apóstolo Felipe lhe comunica que tinha encontrado Jesus, o Messias, vindo de Nazaré e Natanael ‘responde com um preconceito bastante duro: Pode sair algo bom de Nazaré?’".

"Esta espécie de resposta –explicou o Santo Padre– é importante para nós. Mostra-nos que segundo as expectativas judaicas, o Messias não podia vir de uma aldeia tão insignificante". "Ao mesmo tempo, ressalta a liberdade de Deus, que surpreende nossas expectativas, fazendo-se encontrar onde menos o esperamos", acrescentou.

"A história de Natanael sugere outra reflexão: em nossa relação com Jesus não podemos nos contentar somente com as palavras. Felipe convida Natanael a conhecer pessoalmente Jesus: ‘Vêem e verá’, diz-lhe. Nosso conhecimento de Jesus necessita sobre tudo de uma experiência viva: o testemunho dos demais é importante porque normalmente nossa vida cristã começa com o anúncio que nos chega através de outros. Mas depois devemos estabelecer uma relação íntima e profunda com Cristo".

Mais tarde, em seu diálogo com Jesus, Natanael concluirá com uma confissão de fé :"Rabi, és o Filho de Deus, és o Rei de Israel". Essas palavras, explicou o Papa "iluminam um duplo aspecto complementar da identidade de Jesus: sua relação especial com Deus Pai, de quem é Filho unigênito e com o povo de Israel, de que é declarado rei".

O Pontífice convidou a "não perder de vista estas duas dimensões porque se proclamarmos somente a dimensão celeste de Jesus corremos o perigo de fazer Dele um ser etéreo e evanescente; e se ao contrário, reconhecemos só sua presença concreta na história, abandonamos a dimensão divina que o distingue".

"Não temos notícias precisas da ulterior atividade apostólica do Bartolomeu-Natanael", concluiu o Papa, "mas sua figura permanece diante de nós para nos dizer que a profunda adesão a Jesus pode ser vivida e testemunhada, ainda sem realizar obras extraordinárias".