O Vice-presidente da Conferência Episcopal Espanhola (CEE) e Arcebispo de Toledo, Cardeal Antonio Cañizares , afirmou hoje que a Igreja está economizando "muitíssimos milhões" ao Estado e apelou à consciência dos cidadãos para que ajudem no "sustento" desta instituição, posto que existe "incerteza" no que diz respeito a seu financiamento após o acordo alcançado recentemente com o Governo.

O Purpurado explicou, em declarações à Rede COPE recolhidas pelo Europa Press, que existem determinados acordos com o Estado em matéria de Educação e de outras iniciativas sociais –como temas assistenciais, médicos, de caridade, de ajuda aos imigrantes, etc.– pelos que "a Igreja está economizando muitos milhões, muitíssimos, ao Estado".

Neste sentido, referiu-se ao acordo de financiamento Igreja-Estado e explicou que  à CEE "não não se dá nada". "De fato –acrescentou– as ações educativas e sociais o Estado tem a obrigação de mantê-las integramente".

O Cardeal Cañizares explicou que o acordo consiste em uma elevação com caráter indefinido da porcentagem de carga tributária, que passa de 0,52 por cento a 0,7 por cento e a eliminação da quantidade complementar dava o Estado; a renúncia à isenção de IVA, por exigência comunitária, na aquisição de bens imóveis e à não sujeição em aquisição de objetos destinados ao culto; e o compromisso da Igreja de apresentar um balanço anual clarificado, mais detalhado do que atualmente se vem apresentando.

O Vice-presidente da CEE afirmou que  "não há nenhum trato de favorr, não há privilégio por parte da Igreja" com este acordo, mas que "simplesmente há uma vontade dos cidadãos que designam uma parte de sua contribuição aos fins religiosos, à Igreja Católica em concreto, como também designam aos fins sociais".

Além disso, acrescentou, este acordo é "conforme a Constituição", no que se refere à "atenção singular que deve ter a Igreja Católica com a realidade histórica e presente que representa". Contudo, concluiu que "não se pode por" a Igreja " no mesmo nível de uma ONG", apesar de que a efeitos tributários recebam a mesma quantidade.

Mais livres e independentes

O Arcebispo de Toledo fez insistência em que a Igreja fezo suas "renúncias importantes" no caso da isenção do IVA e em que nos Orçamentos do Estado não haja "um só euro" para ela.

"Tem que buscar por si mesmo na consciência dos fiéis, dos cidadãos, que ajudem para seu próprio sustento. É um esforço acrescentado para a Igreja, uma incerteza. É verdade que a Igreja fica muito mais livre, mais independente e também o Estado se vê mais independente e mais livre com respeito às confissões religiosas. É um pacto bom, poderia ter sido melhor, mas é um pacto bom que respeita todos os direitos, as liberdades e o que é um Estado moderno", acrescentou.

Assim, o autofinanciamento da Igreja se considera como garantia de liberdade e isso "não significa que a Igreja vai viver simplesmente das ajudas, das subvenções, das esmolas em definitiva, mas também vive dessa atribuição que os cidadãos decidem livremente".

Quinto preceito da Igreja

Contudo, Cañizares se referiu ao "grande desafio" diante de uma "economia racionalizada", diante da busca de fontes de financiamento próprios e fez uma chamada à "consciência dos fiéis" a respeito de que existe um quinto mandamento da Igreja (pagar dízimos e primícias à Igreja de Deus") para "ajudá-la em suas próprias necessidades".

Conforme detalhou, "não havia mais remedeio que chegar a uma solução" e esta não chegou na forma de 0,8 por cento de atribuição tributária que pedia a Igreja depois de uma reflexão e discussão "certamente laboriosa".

Assim, insistiu em que os cidadãos que não se professam explicitamente católicos, que não são muito praticantes, responderão "para atender à Igreja em seu sustento" pelo serviço social e religioso que leva a cabo na sociedade.

Finalmente, o vice-presidente da CEE explicou que apesar de que "alguns podem ficar irritados de que a COPE possa se manter por si mesma", a rede "nunca recebeu nada do Estado". "Dizer que recebe dinheiro da CEE e, conseguintemente, do Estado é uma mentira maior", acrescentou.