O professor de História Contemporânea da Universidade San Pablo CEU, José Luis Orella, alertou sobre a perseguição que os católicos sofrem em países de maioria muçulmana com "o despertar de um fundamentalismo islâmico" que toma "como vítimas propiciatórias", enfrentando assim a possibilidade de desaparecer.

Segundo o Relatório 2005 sobre Liberdade Religiosa no Mundo da organização Ajuda à Igreja que Sofre (AIS), os cerca de 20 milhões de católicos batizados que residem nos 42 países de maioria islâmica da Ásia, África e Europa, "enfrentam a possibilidade de desaparecer devido ao despertar de um fundamentalismo islâmico que toma aos cristãos árabes como vítimas propiciatórias".

Orella destacou, em declarações à Europa Press, "que a frágil situação internacional de países como Israel, Palestina, Jordânia, Síria e Iraque, especialmente desde sua invasão, produziu uma fuga maciça de jovens cristãos ao mundo ocidental".

"Os homens emigram e as mulheres cristãs, em uma sociedade tão masculina, como a árabe, mas se não se casam, não são consideradas socialmente. Com a ausência de homens jovens cristãos, casam-se com muçulmanos, passando a formar parte da comunidade islâmica", sustentou. Segundo o relatório do AIS, na Ásia vivem cerca de 11,1 milhões de católicos em 23 países de maioria muçulmana.

Não acostumados à violência

Frente à tensão e a violência que o discurso do Papa Bento XVI desencadeou na ala mais radical do mundo muçulmano, o presidente da União de Religiosos da Turquia, o franciscano espanhol Rubén Tierrablanca, afirmou que "como em todos os países muçulmanos esta situação se vive com muita atenção e prudência pelo que pode acontecer, embora não tenhamos medo, e isso não significa que estejamos acostumados à violência, simplesmente sabemos que nossa presença é querida por Deus".

Por sua vez, o Pe. Agustín Arteche, Provincial dos Missionários da África, continente que aglutina 17 países de maioria muçulmana e que abriga um total de 8,1 milhões de batizados, comentou que os cristãos nestas zonas do mundo começam a "experimentar sentimentos de hostilidade para a violência" embora, conforme assinalou, as relações cotidianas "são boas. A gente se apóia e convive com muita harmonia".

Do mesmo modo, o sacerdote indicou que "o mundo muçulmano se radicalizou muito e exacerbou seus sentimentos anti-ocidentales que em muitos casos se confunde com o cristianismo" e se perguntou se mas bem o Papa não estaria fazendo "ao mundo um grande favor dizendo que quem atenta contra a razão atua também contra a essência de Deus".