MEXICO D.F., 21 de set de 2006 às 16:49
A Conferência Episcopal Mexicana (CEM) negou que os bispos encubram casos de inconduta sexual, assegurou que "o crime de pederastia sempre deverá ser denunciado e condenado", e reiterou sua "disposição a colaborar com as autoridades encarregadas da procuração e disposição da justiça".O comunicado foi publicado depois que um cidadão mexicano identificado como Joaquín Aguilar, e a chamada Rede de Sobreviventes de Abusos de Sacerdotes, SNAP ( siglas em inglês), abrir um processo no Tribunal do Estado de Califórnia (EUA), acusando o Arcebispo do México, Cardeal Norberto Rivera Carrera, de "conspirar internacionalmente" para encobrir a sacerdotes acusados de pederastia.
Através de um comunicado assinado pelo Secretário Geral da CEM, Dom Carlos Aguiar Retes, o Episcopado refutou encobrir qualquer tipo de abuso sexual. No texto, os bispos expressaram sua "dor e solidariedade pelas pessoas vítimas de todo tipo de abuso sexual e condenamos as ações pederastas de qualquer ser humano, seja sacerdote, religioso ou leigo, advertindo que quem incorre nisso deverá enfrentar as conseqüências de seus atos frente às autoridades".
O Episcopado também "assume como próprias as declarações da Arquidiocese do México", que pede aos fiéis denunciar às autoridades competentes qualquer caso de abuso sexual que conheçam.
A CEM expressou sua confiança em que as investigações "irão se ater à rigorosa busca da verdade", respeitando "o princípio da presumida inocência" e dentro do "marco de proteção à dignidade e os direitos da pessoa humana".
Finalmente, exortou a todos os mexicanos "a viver o amor cristão que impulsiona à denúncia, à proposta e ao compromisso com projeção social para a construção do bem comum".
Questão pessoal
Por sua vez, o Diretor Geral de Comunicação Social da Arquidiocese do México, Pe. Hugo Valdemar Romero, assinalou que a acusação contra o Cardeal Rivera poderia responder a "uma vingança política" de grupos de esquerda, que vêem o Cardeal como "inimigo pessoal".
Em declarações à agência Notimex, indicou que "este tipo de grupos, como a Rede de Sobreviventes de Abusos Sexuais de Sacerdotes (SNAP) e Católicas pelo Direito a Decidir, estão muito ligados à esquerda, e nela existem grupos que consideram um inimigo pessoal ao Cardeal Norberto Rivera, e estão muito irritados" com seu chamado à institucionalidade.
Em um comunicado assinado pelo sacerdote, a arquidiocese lembra que o Cardeal Rivera "sempre lamentou e condenou publicamente o crime perverso da pederastia" e tem "advertido seus sacerdotes que se algum deles delinqüir", deverá enfrentar as conseqüências "perante os tribunais canônico e civil, sem que gozem de nenhuma proteção por parte da Arquidiocese".
O texto descarta que o Cardeal tenha encoberto algum sacerdote ou "participado de qualquer complô para dar asilo no México a sacerdotes delinqüentes acusados de abusos sexuais".