No quinto dia de sua estadia na Bavária, o Papa Bento XVI se dirigiu até a recentemente renovada Basílica de “Nossa Senhora da Velha Capela” de Regensburg para benzer o novo órgão do templo onde ressaltou o valor da música sacra e a necessidade da ativa participação na liturgia para realizar a comunhão eclesiástica e nos capacitar para a transformação do mundo em Cristo.

Apoiado nos ensinamentos do Concílio Vaticano II, o Santo Padre destacou que tanto a música sacra como o canto “são mais que um embelezamento do culto”, pois “eles mesmos são parte da ação litúrgica”. “A solene música sacra com coro, o órgão, a orquestra e o canto do povo não é um agregado que enfeita ou faz agradável a Liturgia, senão um importante meio de participação ativa no culto”, disse.

Ao referir-se ao órgão, “o rei dos instrumentos musicais, porque retoma todos os sons da criação e dá ressonância à plenitude dos sentimentos humanos”, o Pontífice assinalou que este instrumento é capaz de “dar ressonância a todas as experiências da vida humana” e, transcendendo, “a dirige ao divino”, pois suas “múltiplas possibilidades” nos lembram “a imensidão e a magnificência de Deus”.

Mais adiante, Bento XVI fez uma analogia entre o instrumento musical e a comunidade eclesiástica. Naquele, “os numerosos tubos e registros devem formar uma unidade. Se em alguma peça ou outra uma coisa se bloqueia, se um tubo está desafinado, em um primeiro momento isso épercebido somente por um ouvido treinado. Mas se mais tubos não estiverem bem afinados, então se ouvem desafinações e a coisa se torna insuportável. Também os tubos deste órgão estão expostos a mudaças de temperatura e a fatores de esgotamento”.

“É esta uma imagem de nossa comunidade”, apontou o Papa. “Como no órgão, uma mão perita deve levar constantemente os tons desafinados à consonância, assim nós na Igreja, na variedade de nossos dons e de carismas, necessitamos sempre encontrar de modo renovado, mediante nossa comunhão na fé, a harmonia no louvor a Deus e no amor fraterno. Quanto mais, através da Liturgia, nos deixemos transformar em Cristo, tanto mais seremos capazes de transformar o mundo, irradiando a bondade de Cristo, sua misericórdia e seu amor aos outros”, explicou.

Finalmente, o Santo Padre expressou seu desejo de que quantos entrarem na Basílica, “experimentando a magnificência de sua arquitetura e sua liturgia, enriquecidos pela solene música e a harmonia deste novo órgão, sejam guiados ao gozo da fé”.

Depois da bênção, Bento XVI se dirigiu em privado até a casa de seu irmão, Mons. Georg Ratzinger, na própria cidade de Regensburg.

Pela tarde, o Santo Padre visitará com seu irmão o cemitério de Ziegetsdorf, onde estão sepultados seus pais e sua irmã Maria, e rezarão também na antiga igreja de São José. Posteriormente se dirigirá com seu irmão até a sua casa em Pentling.