O Papa Bento XVI alertou hoje durante uma Missa multitudinária oficiada em Munique sobre a tendência das sociedades modernas a permitir que a fé na ciência e a tecnologia lhes impeça escutar a mensagem de Deus e sugeriu que a Ásia e África podiam ensinar ao rico Ocidente algo sobre a fé.

Em sua homilia, pronunciada na Neue Messe de Munique ante 250 mil fiéis, o pontífice afirmou que aspessoas modernas sofrem de "dureza de ouvido" quando se trata de Deus. "Dito claramente, já não somos capazes de escutar a Deus; há muitas freqüências saturando nossos ouvidos", afirmou. "O que se diz de Deus soa a pre-científico, algo que não tem que ver com a nossa época", assinalou.

"A gente da Ásia e África admira nosso progresso científico e tecnológico, mas, ao mesmo tempo, assusta-lhes uma forma de racionalidade que exclui por completo a Deus da visão do homem, como se esta fosse a mais alta forma de raciocínio", valorou.

"Há quem pensa que os projetos sociais devem ser assumidos com urgência, enquanto que algo que tenha que ver com Deus ou inclusive com a fé católica tem uma menor importância", afirmou.

O Papa sustentou que a fé deve ser o primeiro, antes inclusive de que se produzam progressos em problemas sociais tais como o AIDS na África. "Os corações devem ser convertidos, para que o progresso aconteça, para que aconteça a reconciliação; inclusive por exemplo, para que o AIDS seja combatido de modo realista e encarando suas causas profundas".

Depois da missa na Neue Messe de Munique o Papa almoçará no Palácio do Arcebispo e pela tarde presidirá a celebração das Vésperas na catedral de Munique.

Se trata da segunda visita do ex-cardeal Joseph Ratzinger na Alemanha, mas a primeira à sua região natal de Bavária desde que foi eleito para suceder a João Paulo II em abril de 2005. Durante sua viagem, o Pontífice planeja deter-se em Marktl am Inn durante 15 minutos,  e no dia de sua visita a Regensburg, pensa visitar o túmulo de sua irmã e seus pais, e passar o dia com seu irmão mais velho, o sacerdote Georg Ratzinger.