Uma mulher católica, integrante de um dicastério vaticano, tornou-se o novo alvo das feministas mexicanas que se opõem fortemente a que assuma um importante cargo público nos próximos meses.

Maria Eugenia Díaz de Pfennich deverá suceder Patrícia Espinosa como presidente do Instituto Nacional das Mulheres, uma vez que esta conclua sua gestão em 30 de novembro próximo. Entretanto, sua nomeação alterou as conselheiras feministas deste órgão e agora reclamam sua remoção ao Presidente Vicente Fox.

As conselheiras Roxana Cuevas, da Junta de Mulheres Políticas, e Candelária Ochoa, de Estudos de Gênero da Universidade de Guadalajara, questionaram a nomeação como um retrocesso para o país e acusaram a escolhida de “ultra-direitista”.

Ambas atribuíram a criação do Instituto ao movimento feminista e disseram que "não vamos permitir que nos façam cúmplices de decisões que transgridam ou vulnerem o direito ganho pela sociedade, e reconhecido na jurisprudência internacional dos direitos humanos" com a nomeação de uma católica.

As representantes feministas afirmaram que Díaz de Pfennich "apresenta um grave conflito de interesse, pois suas funções devem responder a uma agenda internacional acordada e assinada pelo governo mexicano e não obedecer os intuitos do Vaticano".

Díaz de Pfennich foi presidenta da União Mundial de Organizações Católicas Femininas (UMOCF), dirigente nacional da Juventude Feminina Católica Mexicana e em fevereiro de 2002, o Papa João Paulo II a nomeou membro do Pontifício Conselho para os Leigos.

Patricia Espinosa defendeu a sua eventual sucessora e esclareceu que "não há nenhuma pretensão de impor ninguém, porque a junta de governo aprovou por maioria de votos" a nomeação. "É um assunto votado e aprovado", destacou.

Considerou “muito lamentável que mulheres estejam criticando outras mulheres por sua militância e seu credo religioso, isso é um ato em si mesmo excludente e discriminatório”.

O Institudo Nacional de Mulheres foi criado no ano de 2001 como organismo público autônomo descentralizado da Administração Pública Federal, com o objetivo de “criar e desenvolver uma cultura de igualdade e eqüidade livre de violência e discriminação, capaz de propiciar o desenvolvimento integral de todas as mulheres mexicanas e permitir a homens e mulheres exercer plenamente todos seus direitos”.