Um senador italiano anunciou neste fim de semana sua intenção de propor uma lei para que as mulheres paguem a metade da fatura de um segundo aborto  e cubram todos os custos para qualquer outro posterior.

Antonio Gentile, senador da partida Forza Italia, do primeiro-ministro italiano Silvio Berlusconi, declarou que "é inaceitável que morram tantos  no útero de suas mães".

Por sua parte, o ministro da Saúde, Girolamo Sirchia, indicou que poderia considerar a proposta, argumentando que a lei de aborto de 1978 devia ser revisada para "avaliar os aspectos positivos e negativos".

"Não conheço os detalhes da proposta mas aprecio os motivos que a inspiraram; é a necessidade de evitar que se pense no aborto como um método de anticoncepção", disse à rede de televisão Sky Itália.

A atual legislação italiana assinala a gratuidade do aborto no sistema sanitário público italiano nos primeiros 90 dias de gravidez. O mesmo acontece com qualquer intervenção no caso de uma emergência sanitária inclusive depois de 90 dias.

Segundo os últimos dados, na Itália houve 130 mil abortos em 2002, frente à cifra máxima de 235 mil alcançada em 1982.

A proposta foi rechaçada por grupos de defesa dos “direitos” das mulheres, legisladores da oposição e alguns membros do Governo.

Seus críticos assinalaram que a chamada Lei 194 não só garante o direito de escolher das mulheres, mas também também protege sua privacidade, para que ninguém possa conhecer quem praticou abortos ou quantos.

"Esta idéia do pagamento me parece absolutamente desatinada, é escandalosa", declarou a ministra de Igualdade de Oportunidades, Stefania Prestigiacomo, também de Força a Itália.“Se decidirem levar isto adiante, estaremos aqui para que se vejam conosco ", disse ao jornal Corriere della Sera.