O Arcebispo de Cochabamba, Dom Tito Solari, denunciou o ambiente politizado no qual se desenvolveu o II Congresso Nacional de Educação, onde "ao estilo comunista, o Governo impõe ideologia" e não dá espaço para o diálogo.

Na sexta-feira passada, os delegados que permaneceram no congresso aprovaram o projeto de lei Geral de Educação elaborado pelo Governo e que, entre outras coisas, estabelece uma educação laica no país. Durante o desenvolvimento do evento, diversas organizações se retiraram ao advertir que este estava sendo politizado pelo partido oficialista Movimento aos Socialismos (MAS).

Vários bispos expressaram sua disconformidade com os resultados do congresso, como o Bispo Auxiliar da Santa Cruz de la Sierra, Dom Estanislao Dowlaszewicz, que indicou que "alguns vivem hoje em dia como com uma espécie de alergia à religião e à Igreja", apresentando-a "como um perigo para o futuro da pátria" e tirando "não só a religião mas também Deus do ensino".

Por sua vez, durante o Te Deum em comemoração ao grito libertário de 1809, o Arcebispo de La Paz, Dom Edmundo Abastoflor, afirmou que "é uma loucura pensar que não existe Deus ou que podemos prescindir dele". Na presença do Presidente Evo Morales, lembrou que "por muito que sejamos o mais importante desta terra, há alguém que é mais que nós".

Ministro anunciou acabar com "monopólio religioso"

Por outro lado, em declarações ao jornal La Razón, o Ministro da Educação, Félix Patzi, anunciou dias atrás que com a nova Lei Geral de Educação se acabaria o "monopólio religioso" da Igreja. "Na Bolívia o povo não é somente a Igreja Católica, mas também as outras correntes (religiosas)", então "aqui já há um enfrentamento do povo", assinalou o Ministro, em que apesar de que as pesquisas revelam que 77 por cento dos bolivianos se declara católico e 95 por cento cristão em geral.

Patzi é também sociólogo aymara e afirma professar crenças pré-colombianas, entre elas, a adoração a pachamama (a deusa terra).

Meios locais informaram que o novo texto deverá ser revisado pelo Parlamento. Entretanto, o Ministro, que se tinha comprometido com os bispos a manter a disciplina de religião, disse que as conclusões do congresso são de cumprimento imediato e que organizações populares obrigarão a sua aplicação.