O renomado diretor de cinema polonês Krzysztof Zanussi, descreveu o que considera “terrível desencontro” entre os meios de comunicacção e a fé, e afirmou que o distintivo de católico “não gusta a ninguém em nossa sociedade”.

O cineasta, de 64 anos, explicou que “hoje na realidade do mercado tenho muitas dificuldades porque nos últimos anos estou mais ligado à Igreja Católica –é consultor do Pontifício Conselho para a Cultura–, que é  muito odiada na mídia e nos países europeus, embora não tanto na América. Tenho certas dificuldades para ir aos festivais internacionais e com os distribuidores, porque a etiqueta de católico não agrada a ninguém em nossa sociedade”.

Frente à pergunta se o ser católico limita as possibilidades de promoção de um cineasta, Zanussi afirmou que “as possibilidades são muito poucas neste mundo para um católico porque qualquer relação com a Igreja é vista\ como muito negativa. Digos aos meus estudantes que não se apresentem muito rápido como católicos, mas que façam filmes nos quais mostrem suas convicções”.

“Inclusive os espectadores católicos não sabem como ajudar aos criadores católicos. Buscanm autores vencedores que o fizeram sem apoio da Igreja. Hoje nos  alegramos do êxito de Gibson, mas quando buscava apoio para realizar seu filme, não o encontrou”, lembrou o diretor.

Ao se referir ao  “terrível desencontro” entre os meios de comunicação e os cristãos, Zanussi ressaltou que  “os católicos não amam estes meios porque estes meios não amam os católicos. Isto provocou que o público crente não espere muito da arte e isto é terrível”.

“A Igreja contribuiu muito com o cinema nos anos 50, na Itália e Espanha, criando salas paroquiais e dando uma orientação no cinematográfico. Mas hoje, quando falo com os sacerdotes, me dizem que estão cansados. Por sua vez, os jovenes católicos de convicção, decidiram buscar uma maior aproximação com os meios e massas” acrescentou.

O diretor lembrou que “toda a Europa necessita de uma nova visão do mundo, porque está em um momento de crise. O consumismo já não é fascinante. Os slogans contemporâneos já não interessam aos jovens. Percebo o início de uma onda com um novo idealismo que pode substituir o cinismo pós-modernista”.

“Vem uma geração mais entusiasta, mais idealista, com mais fé, não no homem que sempre é uma fé fraca, mas fé em Deus. A experiência dos totalitarismos no século XX confirmou que todos somos frágeis e capazes de fazer muitas coisas terríveis se não nos apoiamos em Deus”, acrescentou Zanussi.