O porta-voz da Conferência Episcopal Espanhola (CEE), Pe. Juan Antonio Martínez Camino, assinalou que os bispos têm direito a opinar sobre política na medida que esta afeta a vida dos cristãos.

"Os bispos têm a responsabilidade pastoral, não de falar de política, não de se misturar nos campos que não são próprios, mas sim de iluminar desde sua responsabilidade pastoral e da fé cristã todos os âmbitos nos que a comunidade cristã e os cristãos, e os cidadãos em geral, vivem e têm que exercitar sua responsabilidade moral e sua responsabilidade pessoal", afirmou o porta-voz em entrevista coletiva prévia ao início da Assembléia Plenária Extraordinária da CEE.

O Pe. Martínez Camino indicou que na reunião não vai se apresentar nenhum rascunho sobre a unidade da Espanha. Entretanto, recordou que a Assembléia Plenária é soberana e até que esta conclua não se sabe se haverá ou não algum documento.

Com a pergunta de se estaria bem que o Parlamento falasse sobre a unidade da Igreja assim como ela poderia tratar sobre a unidade da Espanha, o sacerdote esclareceu que a comparação não é correta, porque o Episcopado não é um parlamento nem pretende substituir seu trabalho legislativo.

"O magistério dos bispos abrange questões de fé e de moral na expressão clássica. Todas estas intervenções da CEE têm que ver com a organização da vida dos homens em sociedade, e portanto, com a política. Não é nada novo que os bispos agora tratem a situação política do ponto de vista de sua dimensão moral", assinalou.

Indicou que ao contrário, "o Parlamento não é uma autoridade moral, é uma instituição política" cuja função é organizar as leis. "As leis de um Parlamento legítimo têm que ser acatadas, as leis justas, mas um Parlamento não é uma instância moral, é uma instância política para legislar e para propiciar o bem comum. Nada mais e nada menos", explicou.

O Pe. Martínez Camino também rejeitou os rumores sobre alguma divisão entre os bispos. Assinalou que pode haver diferença de opiniões mas não nas questões fundamentais. "Posso dizer que poucas vezes a Conferência Episcopal esteve tão unidade como agora", afirmou.

Através de um comunicado, a Comissão Permanente do Episcopado informou ontem que o objetivo da Assembléia Plenária Extraordinária é "tratar a fundo e com atenção aspectos relacionados com a situação religiosa, cultural, social e política, que não têm capacidade no trabalho ordinário das Assembléias que se celebram anualmente nos meses de março e novembro".