A associação Profissionais pela Ética denunciou que o Governo espanhol pretende doutrinar ideologicamente os escolares espanhóis através da nova disciplina Educação para a Cidadania, que será obrigatória nos centros educativos.

Atualmente, o Ministério de Educação reúne uma série de instituições para tratar os conteúdos de Educação para a Cidadania, que será obrigatório e avaliável para toda aula de centros educativos, em Ensino Fundamental, Ensino médio e Bacharelado. Entretanto, não se considerou aos pais de família nem aos professores nestas reuniões.

Conforme adverte uma nota de imprensa dos Profissionais pela Ética "da comunidade educativa e outras instâncias, destacou-se que a nova disciplina encerra um risco real de doutrinação ideológica na escola, segundo os interesses do governo. Com esta matéria fica em risco o direito fundamental dos pais, amparado pela Constituição, de que seus filhos recebam a formação religiosa e moral que esteja de acordo com suas próprias convicções".

Ramón Novella, responsável da Área de Educação de Profissionais pela Ética, recordou que sua organização preparou uma guia para "advertir aos pais do que lhes vem a seguir".

Embora os conteúdos da disciplina não estejam determinados, "tudo indica que responderão, em 90 por cento, à ideologia do Governo de Rodríguez Zapateiro, e querem disfarçar a disciplina como ética laica ou ética civil", adverte Novella.

Os especialistas asseguram que os alunos serão avaliados, suspensos ou passados, por conhecimentos ideológicos que, em muitos casos, opõem-se aos valores de seus pais.

Profissionais pela Ética empreendeu uma campanha contra esta disciplina e seus representantes se reuniram com responsáveis pelo Ministério de Educação para lhes transmitir sua oposição à implantação obrigatória e por decreto desta matéria.

A Guia

A Guia para Pais, que circula por correio eletrônico, faz um paralelo entre os conceitos que a disciplina oferecerá a partir da ideologia do Governo de Zapateiro versus os mesmos conceitos segundo a ética racional.

Por exemplo, para a ideologia oficialista a verdade "não existe; é fruto do acordo ou do consenso. A pessoa que afirma que existe a verdade é um fundamentalista, um indivíduo contrário à liberdade". Em troca, segundo a ética racional, "a verdade é a realidade das coisas e podemos conhecê-la através da razão".

Sobre a tolerância, os oficialistas entendem que "não existe nenhuma verdade nem moral objetiva; todas as posturas morais são equivalentes e, portanto, devem ser toleradas e inclusive promovidas", enquanto que a ética racional sustenta que a tolerância "consiste em suportar um mal pelo respeito devido à pessoa que erra, sempre e quando esse mal não atente contra os direitos fundamentais ou o bem comum".

Em temas como a vida, a "ideologia Zapateiro" desconhece a fecundação como seu início e nega que o embrião seja uma ser humano; expõe o direito à vida a partir do momento do nascimento; justifica a morte de embriões humanos na pesquisa científica; favorece a clonagem de seres humanos "com fins terapêuticos"; apresenta o aborto como "uma dimensão do direito fundamental de toda mulher à saúde sexual e reprodutiva"; promove a eutanásia como "direito a dispor da própria vida"; e favorece o conceito de gênero como "resultado de determinados estereótipos ou papéis sociais que devem ser superados".

Além disso, expõe a homossexualidade como uma opção pessoal de cada sujeito que merece um reconhecimento público idêntico à opção heterossexual; e entende à família como "uma instituição em constante transformação que pode adquirir múltiplas formas" que devem "obter o mesmo reconhecimento legal que a família formada por um homem e uma mulher".