O Secretário Geral e porta-voz da Conferência Episcopal Espanhola (CEE), Pe. Juan José Martínez Camino, criticou o Governo por defender interesses de grupos minoritários e pôr as pessoas com doenças terminais contra a parede através da eutanásia

"Estão pondo essa gente contra a parede e não há direito. O que temos que fazer é viver com nossas limitações e qualidades, viver a vida. Há recursos humanos para viver em todas as circunstâncias", declarou o sacerdote à rede COPE.

O Pe. Martínez lembrou que a responsabilidade do Estado não é promover a eutanásia, mas procurar o necessário para melhorar a qualidade de vida dos doentes. Advertiu que afirmar que uma pessoa tetraplégica não tem qualidade de vida é "um insulto", e mais ainda quando a qualifica de "farrapo humano".

Nesse sentido, denunciou a "pressão psicológica" e moral que exerce o Governo sobre a sociedade e pessoas idosas para lhes fazerem acreditar que em algum momento para elas o melhor será pedir "que as elimine". Indicou que isto é "uma grande desumanidade" porque lhes diz "que não queremos ser solidários com eles" e que, "de um ponto de vista cristão, não queremos amá-los até o final".

O porta-voz advertiu que "os grandes cataclismos se dão em milímetros", como é a introdução de "leis que permitem matar, embora seja com a vontade do outro. Isto vai criar relações humanas muito piores do que as de agora".

Finalmente criticou o Governo socialista por legislar atendendo "pressões de grupos minoritários que dão aparência de grande demanda social e de necessidade ética quando é justamente o contrário".

Cuidados paliativos: antídoto à eutanásia

Por outro lado, em diálogo com o jornal La Opinión, de Zamora, o professor de Medicina Paliativa da Universidade de Palmas de Gran Canaria, Marcos Gómez Sancho, expressou que os "cuidados paliativos são um antídoto para a eutanásia", porque se cuidar de um doente e a sua família, que também sofre, "nunca" pedirão "que o matem".

"Quem exigem que o matem, o que reclama é que cuidem dele, que não o abandone, que lhe preste apoio emocional tanto a ele como a sua família, que não seja uma carga para a sociedade", assinalou.

Explicou que na unidade de cuidados paliativos procuram "dar qualidade de vida ao paciente e aos familiares", porque "se a família estiver mau, é impossível que o doente esteja bem".

"Em minha experiência profissional de 17 anos e de mais 14 mil pacientes, só tive um pedido de eutanásia. Não obstante, a primeira vez que o paciente vem à consulta pede por isto, mas assim que recebem a ajuda que precisam, se esquecem", afirmou.