Depois da sentença da Corte Constitucional da Colômbia que descriminaliza o aborto no país, o Arcebispo de Bogotá, Cardeal Pedro Rubiano Sáenz, advertiu através de um comunicado que a Igreja sanciona este crime com a pena de "excomunhão imediata".

"A Igreja para prevenir o aborto, que é o assassinato deliberado da criança no ventre da mãe, o sanciona com a pena da excomunhão imediata (cf. cânon 1398), que só pode ser levantada no sacramento da Penitência, ao reconhecer a gravidade do pecado e com o sincero propósito de emenda", assinala o Primaz colombiano no comunicado datado de 11 de maio.

O Arcebispo lembra que, segundo a Constituição colombiana, a "finalidade da lei é o bem de todo ser humano", ao afirmar que o direito à vida é inviolável e que não haverá pena de morte. "Sendo esta norma coerente com os valores éticos e morais, legalizar o aborto, mesmo que seja nos casos em que assinala a decisão da Corte Constitucional, não muda nem a gravidade do fato nem o juízo moral sobre o aborto", sentencia.

Por isso, o Cardeal Pubiano assinala que o aborto continua sendo um crime, inclusive no civil, embora se tenha eliminado a pena em alguns casos. "O legal nem sempre é moral e que os fiéis devem ter claro em sua consciência que o aborto continua sendo um crime, também no campo civil, mesmo que a nova norma omita a aplicação de uma pena em determinados casos", lembra o Cardeal.

Por último, o Arcebispo pede aos colombianos "diante da dolorosa realidade da violência e dos assassinatos que todos os dias abalam nosso país", tenham a "fortaleza de respeitar e defender a vida humana e, particularmente, a vida dos nascituros".

Verniz de católicos é uma "palhaçada"

Em declarações oferecidas ontem à noite à imprensa, o Ex-presidente da Conferência Episcopal Colombiana lembrou que "todos os que causarem o aborto, inclusive amparados na lei, estão automaticamente excomungados. A pena abrange também a quem ajudar a cometê-lo".

Ao ser perguntado sobre a situação eclesiástica dos magistrados que na quarta-feira passada legalizaram o aborto em caso de má formações do feto, risco de morte para a mãe e violação, o Cardeal afirmou que "eles abriram a porta" para que o procedimento seja legalizado. "vocês tirem a conclusão", sentenciou.

"A gente é ou não é, obedece-se a Deus antes que aos homens. É uma palhaçada pretender ter um verniz de católicos. Se agirem assim, não estão vivendo de acordo com sua fé, e não reconheço nessas pessoas que fizeram isto como membros de uma Igreja na qual a vida é fundamental e tem que ser respeitada", declarou.

Mais adiante, o Cardeal denunciou que os juristas tomaram a decisão "pressionados" por Nações Unidas. "Uma dependência da ONU é a (que) foi pressionando os países para que legalizem o aborto", afirmou.