O Ministério de Assuntos Exteriores chinês justificou a ordenação de dois bispos cismáticos por um suposto "silêncio" do Vaticano, e criticou à Santa Sé por se negar a dialogar... sobre os fatos consumados.

O porta-voz do Ministério chinês, Liu Jianchao, afirmou que a Igreja Patriótica Católica a China –o ramo cismático criado e reconhecido pelo Governo comunista que não se considera subordinado a Roma– tinha "notificado" a nomeação dos bispos "e não obteve resposta do Vaticano".

Fontes próximas à Santa Sé assinalaram que o Vaticano não estava de acordo com a nomeação dos dois bispos cismáticos, e tinha solicitado mais tempo para chegar a um acordo sobre o tema.

Em declarações à agência espanhola EFE, Liu se mostrou ofendido pela enérgica resposta do Vaticano, e assinalou que a acusação de violar a liberdade de religião "prejudicou o processo de diálogo entre Roma e Pequim em vistas a restabelecer relações diplomáticas".

O porta-voz do Ministério chinês disse que as leis chinesas garantem a liberdade religiosa a seus cidadãos, "crentes e não crentes"; mas não explicou como a suposta liberdade religiosa se compatibiliza com o fato de que todas as religiões devem estar controladas por organizações dependentes do Partido Comunista.

Com efeito, Liu lembrou que para que se restabeleçam as relações entre os dois países, o Vaticano deve romper seus vínculos diplomáticos com Taiwan e "garantir que não interferirá nos assuntos religiosos internos da China", algo que o Governo comunista interpreta como a renúncia da Santa Sé a nomear bispos para as 97 dioceses chinesas, e que o Vaticano não está disposto a aceitar.