O Instituto de Política Familiar (IPF) apresentou nesta manhã os resultados de uma pesquisa que poderá demandar por parte do Governo e da sociedade espanhola acabar com políticas contrárias à vida como o estendido recurso ao aborto e apostar por conscientizar sobre o valor da natalidade, a gravidez e a maternidade, além de apoiar decididamente a mulher grávida em dificuldades.

Os resultados da pesquisa "O Aborto Hoje na Espanha. Análise sociológica" para a Comunidade de Madri, revelam que a maioria dos espanhóis considera que o aborto traz conseqüências negativas para algum dos envolvidos e que as campanhas de prevenção de gravidez não planejada realizadas pelo Governo não foram eficazes.

A pesquisa revela que 97 por cento de espanhóis considera que o aborto traz conseqüências negativas para alguma das partes envolvidas e que 42 por cento opina que o aborto afeta a todas as partes envolvidas. Segundo o estudo, 78 por cento julga que as campanhas de prevenção de gravidez não desejadas, realizadas até a data pelo Ministério da Saúde, não foram eficazes.

Do mesmo modo, para 82 por cento dos entrevistados, o aumento de ajudas sociais e a ajuda direta econômica às grávidas contribuiriam para a diminuição do número de abortos que se realizam.

Apoiado nas estatísticas, o IPF conclui que existe, entre os espanhóis, um grande desconhecimento da magnitude do aborto, embora o reconheça como uma das principais causas de mortalidade na Espanha. Não há uma percepção clara da magnitude dos dados do aborto: apenas 16 por cento dos pesquisados considera que é de 85 mil abortos ou mais.

Outra conclusão é que se considera a falta de recursos econômicos como o motivo mais importante para decidir abortar. A solidão da mãe e o não planejamento da gravidez seguem como principais causa do aborto. Pelo contrário, os motivos descriminalizados são considerados por poucos entrevistados.

A grande maioria de pesquisados, mais de 90 por cento, afirma que em que a política preventiva deve incluir, sobretudo, as alternativas que existem ao aborto e as conseqüências do mesmo para a mulher; e que as mulheres que decidem abortar não o fazem com um conhecimento adequado, nem das conseqüências físicas e psíquicas.

O IPF também precisa que esta política preventiva deve estar apoiada em quatro considerações: a sensibilização e conscientização sobre a importância e o valor pessoal e social da natalidade, a gravidez e a maternidade; o aumento dos recursos públicos tanto de organismos como de dotações orçamentárias; a implantação de medidas de apoio destinadas à mulher grávida; e uma política de informação à mulher grávida.

Em 2004, assinala Eduardo Hertfelder, Presidente do IPF, produziram-se na Espanha 84 mil e 985 abortos. Isto significa que se pratica um aborto a cada 6,2 minutos e que uma em cada seis gestações termina em aborto.

A pesquisa, realizada com mil e 600 entrevistas pessoais, foi desenvolvida por uma equipe multidisciplinar de especialistas em diversas áreas, e coordenada pela Dra Ondina Velez. Desenvolveu-se nas quatro comunidades espanholas onde são praticados mais abortos (66 por cento): Madri, Catalunha, Andaluzia e Valência.