Arizmendi Esquivel e seu Bispo Auxiliar, Dom Enrique Díaz, responderam à controvérsia suscitada como resultado da carta da Santa Sé pedindo a suspensão das ordenações ao diaconado permanente.

No texto, os bispos de San Cristóbal afirmaram que "apesar de que tenha havido opiniões favoráveis a nossa petição, prevaleceu a decisão de suspender estas ordenações. Fique claro, entretanto, que é uma suspensão temporária, não definitiva e para sempre, e que os atuais diáconos permanentes podem seguir desempenhando seu ministério sem nenhuma restrição".

Os prelados lembram que a carta do Cardeal Francis Arinze solicitava:

· Não ordenar novos diáconos permanentes "até que se tenha resolvido o problema ideológico de fundo".

· "Abrir a diocese a outras realidades próprias da universalidade da Igreja Católica, para ajudá-la a sair do isolamento ideológico mencionado".

· Não "alimentar nos fiéis expectativas contrárias ao Magistério e à Tradição, como no caso de um diaconado permanente orientado para o sacerdócio casado".

· Fortalecer "a pastoral vocacional, com vistas ao sacerdócio celibatário".

Os bispos respondem a estes pedidos com algumas observações:

"Em primeiro lugar –dizem–, acatamos esta decisão com fé serena e esperança ativa, embora com sofrimento do coração. Não ordenaremos mais diáconos permanentes, até que se abra novamente esta porta. Poderíamos fazer novas ordenações, e seriam válidas; mas seriam ilícitas e romperíamos a comunhão eclesiástica, nos isolando e nos fazendo uma ‘Igreja Autônoma’, coisa que ninguém pretende".

Em seguida assinalam que "nos preocupa que se qualifique como ideologia’ a nossos esforços por chegar a ser uma ‘Igreja Nativa’". "Embora reconheçamos limitações e deficiências –acrescentaram–, damos testemunho de que a implementação do projeto de uma Igreja Nativa busca-se ser realizada conforme as indicações do Concílio".

"Cairíamos em uma ‘ideologia’ –explica o comunicado–, em um ‘isolamento ideológico’, se nosso projeto de Igreja Nativa se confundisse com o de uma Igreja Autônoma. Não somos, nem pretendemos ser, uma Igreja Autônoma"; e a respeito citam as conclusões do III Sínodo Diocesano.

Além disso, "para evitar os perigos de um possível ‘isolamento ideológico’, nossa diocese está aberta ‘a outras realidades próprias da universalidade da Igreja Católica’"; e assinalam que, além de ter apresentado os textos litúrgicos locais para sua revisão tanto ao episcopado mexicano como à Santa Sé, "continuamos o processo de poder chegar a aprovar diferentes movimentos eclesiásticos, para que enriqueçam a evangelização, sempre integrados a seus pastores e à pastoral diocesana".

Sacerdócio casado e vocações

Os bispos assinalam também no comunicado que "não animamos a expectativa de um diaconado permanente orientado para o sacerdócio uxorado (casado)’", embora reconheçamos que ainda há pedidos nesse sentido. A fim de que neste ponto não fique dúvida alguma, decidimos fazer uma nova redação do No. 58 de nosso Plano Diocesano, que fica da seguinte forma: ‘Escutar com atenção a solicitude que estão fazendo algumas comunidades para que diáconos indígenas casados possam ser admitidos à ordenação sacerdotal, e ajudá-los a discernir seu pedido, iluminados pelo Espírito Santo e guiados pelo Magistério da Igreja universal, advertindo com toda clareza de que não há esperanças de que a Igreja mude sua prática, que vem do Evangelho e da tradição de muitos séculos, e continuará admitindo ao sacerdócio somente homens celibatários".

Os bispos assinalam além disso que continuam animando a pastoral vocacional com vistas ao sacerdócio celibatário. "Graças a isso, de 16 seminaristas que havia no ano 2000 (10 no Seminário Menor e 6 no Seminário Maior), agora são 34 (9 no Seminário Menor e 25 no Seminário Maior).

Indicam que quanto à indicação de interromper a formação de mais candidatos ao diaconado permanente, "continuaremos formando nossos catequistas, não em ordem a uma possível ordenação diaconal imediata, mas sim para fortalecer seu serviço nas comunidades, preparando-os para serem instituídos Leitores e Coroinhas, e para dar-lhes a permissão de celebrar o Batismo e presidir os Matrimônios, se assim o pedirem as circunstâncias. Estamos conscientes de que sua ‘formação intelectual’ deve ser suficientemente sólida, conforme as orientações da Sé Apostólica’ . Quando o Espírito Santo o dispuser e se abrirem novamente as portas, alguns deles já estarão preparados para a ordenação".

"Exortamos a toda nossa diocese, em especial aos diáconos, candidatos ao diaconado, catequistas, religiosas e demais servidores e agentes de pastoral, a viver estes tempos em um clima de fé em que o Espírito do Senhor nos tem que apontar o caminho que quer para nossa diocese; em uma atitude de amor a nossa Igreja, conservando, acima de todas nossas diversas formas de pensar, a comunhão eclesiástica, que é o sinal por excelência de que somos discípulos de Jesus; em uma atitude de esperança, seguros de que, depois da dor da cruz, chegará a gozosa ressurreição", conclui o comunicado.