O Bispo de Bilbao e Presidente da Conferência Episcopal Espanhola (CEE), Dom Ricardo Blázquez, fez nesta segunda-feira um chamado à unidade dos "governantes e representantes políticos", assim como a colaboração da sociedade, depois de que a organização terrorista ETA anunciara na quarta-feira passada um "cessar fogo permanente".

O recente comunicado do Euskadi Ta Askatasuna (ETA) "suscitou um feixe de sentimentos: alívio, alegria, prudência, cautela, responsabilidade e, por cima de tudo, esperança", disse o Presidente da CEE em seu discurso de abertura da 86º Assembléia Plenária do organismo episcopal que se celebra em Madri de 27 a 31 de março.

"Embora tentativas anteriores não tenham chegado ao fim desejado do desaparecimento da violência terrorista e da própria organização, renasce agora em nós a esperança", disse o Prelado.

Segundo Dom Blázquez "a unidade dos governantes e representantes políticos, a colaboração da sociedade, o trabalho paciente, a altura de miras e a esperança que sustenta no caminho, apesar dos obstáculos, são boa garantia para chegar à meta da paz plena, que se assenta nos pilares da verdade e a justiça, a liberdade e o amor".

Durante sua intervenção, o presidente da CEE assinalou que "a Igreja, que participa das esperanças e as tribulações da sociedade, manifesta sua disponibilidade a contribuir na medida de suas possibilidades".

Família e Lei de Reprodução Assistida

Em sua intervenção, o Prelado se referiu também ao papel da família "fundada no matrimônio", e denunciou que "está interiormente debilitada e pouco apoiada pelas instituições". "Inclusive, concretizou, algumas leis aprovadas nos últimos meses, ferem-na em sua estabilidade e na própria natureza do matrimônio", precisou.

Por outro lado, e depois de lembrar que o magistério eclesiástico tem sustentado e defendido constantemente "o caráter sagrado e inviolável da vida humana, desde a concepção até a morte", o Presidente da CEE reiterou a preocupação do episcopado espanhol pela Lei de Técnicas de Reprodução Humana Assistida, e anunciou que durante a Assembléia refletiriam sobre esta questão.

As fontes da vida humana, indicou Dom Blázquez, são sagradas. "manipulá-las é uma aventura, além de imoral, imensamente arriscada", disse.

Depois de afirmar que "a Igreja se alegra com o progresso da ciência e da técnica, que deve servir ao desenvolvimento da humanidade", o Bispo de Bilbao pediu que "ao poder da ciência se una a consciência moral e o respeito à dignidade da pessoa em todo o percurso de sua existência e em todas as circunstâncias da vida".