Durante uma visita neste domingo à paróquia romana de "Deus Pai Misericordioso", o Papa Bento XVI falou do amor misericordioso de Deus e revelou um texto de João Paulo II que seria pronunciado no dia seguinte de sua morte.

Ao iniciar sua homilia, o Santo Padre refletiu sobre a primeira leitura, e disse que nesta "a ira e a misericórdia do Senhor se confrontam em uma seqüência de episódios dramáticos, mas que ao final triunfa o amor. Os intuitos de Deus, inclusive quando passam pela provação e o castigo, olham sempre a um final de misericórdia e de perdão".

Passando à segunda leitura, mostrou como "Deus, rico em misericórdia, pelo grande amor com o que nos amou, de mortos que estávamos pelo pecado, fez-nos reviver com Cristo".

"Se toda a missão histórica de Jesus –prosseguiu- é sinal eloqüente do amor de Deus, o é de modo singular sua morte, na qual se expressou plenamente a ternura redentora de Deus".

O Santo Padre pronunciou então um texto preparado por seu Predecessor: "Nos planos divinos -disse- estava escrito que ele nos deixaria justo na véspera"

"O Papa tinha nos escrito: 'Para a humanidade, que algumas vezes parece perdida e dominada pelo poder do mal, o egoísmo e o temor, o Senhor ressuscitado oferece o presente de seu amor que perdoa, reconcilia e abre a alma à esperança. É um amor que muda corações e traz a paz'".

O Santo Padre revelou que este texto representava um "testamento" de João Paulo II, pois seu Predecessor tinha previsto ler no dia 3 de abril, que coincidiu no ano passado com o segundo domingo de Páscoa, festa da Divina Misericórdia, mas morreu uma noite antes

Mais adiante lembrou que "no tempo quaresmal, no centro de nossa meditação deve estar a Cruz. É a glória do Crucificado a que cada cristão é chamado a compreender, a viver e a testemunhar com sua existência. A Cruz é em definitiva o sinal por excelência dado a nós para compreender a verdade do homem e a verdade de Deus: todos fomos criados e redimidos por um Deus que por amor imolou seu único Filho".

Em seguida, continuou sua reflexão sobre o Evangelho, fazendo notar que "a fé cristã não é uma ideologia, mas sim um encontro pessoal com Cristo crucificado e ressuscitado. A partir desta experiência, que é individual e comunitária, surge um novo modo de pensar e de atuar: tem origem, como testemunham os Santos, uma existência selada pelo amor".

Finalmente convidou os presentes a que "o compreender e acolher o amor misericordioso de Deus" seja "seu compromisso sobretudo no interior das famílias. Dirigindo o olhar a Maria, peçamos que nos ajude a aprofundar as razões de nossa fé".