Ao presidir nesta manhã o primeiro consistório de criação de novos cardeais de seu pontificado, o Papa Bento XVI assinalou repetidamente aos 15 novos cardeais da Igreja que "conto convosco" para cumprir com a missão da Igreja de anunciar que "Deus é amor".

Durante a homilia da Missa celebrada na Praça de São Pedro, o Santo Padre destacou que o Consistório Ordinário público "manifesta com grande eloqüência a natureza universal da Igreja, difundida por todos os cantos do mundo para anunciar a todos a Boa Nova de Cristo Salvador".

O Papa lembrou que João Paulo II celebrou nove consistórios, e afirmou que apesar de muitas coisas terem mudado ao longo dos séculos no concernente ao Colégio Cardinalício; "a substância e a natureza essencial deste importante organismo eclesiástico não mudaram".

O Santo Padre afirmou que quem exerce a autoridade na Igreja se distingue por sua "disponibilidade total e generosidade no serviço aos demais".

"O primeiro ‘Servo dos Servos de Deus’, como gostava de definir São Gregório Magno ao Romano Pontífice, é Jesus. Depois dEle e unidos a Ele, os apóstolos; e entre eles, de modo especial, Pedro", disse o Pontífice.

Dirigindo-se aos novos cardeais, o Papa assinalou que estavam chamados a "colaborar com o Sucessor do Pedro, mais estreitamente unidos a ele, no cumprimento de seu peculiar serviço eclesiástico, e isto significa uma participação mais intensa no mistério da Cruz em compartilhar os sofrimentos de Cristo".

O Santo Padre pediu-lhes que a púrpura que vestem seja sempre "expressão da ‘caritas Christi’ (o amor de Cristo), estimulando-os a um amor apaixonado por Cristo, por sua Igreja e pela humanidade. Tendes um ulterior motivo para tratar de reviver os mesmos sentimentos que levaram o Filho de Deus feito homem a derramar seu sangue em expiação pelos pecados de toda a humanidade".

"Conto convosco"

"Conto convosco, com todo o colégio Cardinalício de que ireis formar parte, para anunciar ao mundo que ‘Deus caritas est’, e para fazê-lo sobretudo mediante o testemunho de comunhão sincera entre os cristãos", disse o Papa Bento no momento mais intenso de sua homilia.

O Papa destacou que também contava com os novos cardeais para que "o princípio da caridade irradie e faça vivificar à Igreja em todos os graus de sua hierarquia, em todas as comunidades e institutos religiosos, em todas as iniciativas espirituais, apostólicas e de animação social".

"Conto convosco –acrescentou– para que o esforço comum de fixar o olhar no coração aberto de Cristo faça mais seguro e livre o caminho para a plena unidade dos cristãos". "Conto convosco –concluiu–, para que graças ao atento valor dos pequenos e dos pobres, a Igreja ofereça ao mundo de modo incisivo o anúncio e o desafio da civilização do amor. Tudo isto desejo ver simbolizado na púrpura da que estais revestidos. Que seja realmente símbolo do ardente amor cristão que se reflete em vossa existência".

A criação cardinalícia

Depois da homilia, os novos cardeais, segundo a ordem de criação, ajoelharam-se perante o Papa, que impôs sobre eles o barrete vermelho e atribuiu-lhes uma igreja de Roma (Título ou Diaconia), como sinal de participação na solicitude pastoral do Papa pela cidade.

O Santo Padre entregou posteriormente a Bula de Criação de Cardeais e deu o abraço de paz a cada um dos novos membros do colégio Cardinalício que, por sua vez, cumpriram o mesmo gesto entre eles.

Dos 15 novos cardeais, oito são europeus, três asiáticos, dois americanos, um africano e um latino-americano. Doze têm menos de 80 anos.

A partir de hoje o Colégio Cardinalício está composto por 193 membros de 66 países, deles 120 eleitores.

A Europa conta com 100 cardeais, dos quais 60 são eleitores, enquanto que o continente americano tem 52, dos que 36 são menores de 80 anos. Os cardeais africanos são 17; dos quais 9 são eleitores, os asiáticos, 20 (13 eleitores) e Oceania conta com 4 (2 eleitores). O país com maior número de cardeais continua sendo a Itália com 40 cardeais, em seguida os Estados Unidos com 15 e França e Espanha com 9.