Na introdução escrita para a nova edição de "Memória e Identidade", o Papa Bento XVI assinala que a palavra chave de todo o pensamento de João Paulo II é "redenção", um conceito que em termos existenciais significa "misericórdia".

O jornal italiano "Corriere della Sera" adiantou no final de semana passado o conteúdo do prólogo escrito pelo Papa Bento XVI à segunda edição do último livro de seu predecessor, no qual este faz uma reflexão sobre a história do século XX; e o bem e o mal.

Para o Bento XVI, o livro de João Paulo II, cuja nova edição será publicada no dia 22 de março, reune "algumas experiências fundamentais de sua vida" e permite "dar um olhar à sua biografia interior"; e assinala que a lembrança da ocupação nazista e a ditadura comunista da Polônia revelam que "a opressão da pátria escravizada e ultrajada foi uma experiência personalíssima do Santo Padre".

Depois de lembrar algumas reflexões de Karol Wojtyla sobre o conceito de redenção, Bento XVI afirma que esta "é a palavra chave de todo o pensamento de João Paulo II"; e recorda que "sua primeira encíclica programática começa com as palavras significativas ‘Redemptor hominis’"; tornando-se assim a soma de sua visão teológica e antropológica".

O Papa diz além disso, que no texto "não podia faltar uma palavra sobre a Virgem, tão central na vida espiritual de João Paulo II", e destaca seu papel como "portadora da memória". "A memória da Igreja é o ponto onde a consciência da humanidade se amplia e toca nossas origens, os fundamentos de nosso ser"; porque "onde não se conhece o passado se perde também o futuro em favor de um presente vazio", acrescenta Bento XVI.

O Pontífice insiste em que todas as diferentes memórias têm suas raízes em uma memória comum da humanidade, "conservada de maneira excelente na memória da Igreja", e afirma que nela está "a força de paz e reconciliação da humanidade".