Em uma entrevista concedida à ACI Digital , o recém nomeado Cardeal, Arcebispo de Caracas e segundo Vice-Presidente da Conferência Episcopal Venezuelana, Dom Jorge Urosa Sabino, indiou que “o principal desafio na Venezuela é evangelizar”, ressaltando a necessidade de trabalhar juntos parar superar as causas das divisões que acometem a Venezuela.

A continuacião transcrevemos na íntegra a entrevista ao Prelado.

Como o senhor recebeu sua designação cardinalícia, sendo o senhor o único bispo latino-americano nomeado?

"Com imensa gratidão a Deus e ao Pa Bento XVI, mas ao mesmo tempo com grande humildade porque considero que seja uma honra que o Santo Padre tenha querido conferir à Igreja em Caracas e na Venezuela em momentos em que esta necessita uma espécie de apoio. Também com temor e tremor porque a hierarquia Cardinalícia implica uma vida de maior perfeição, maior consagração ao Senhor, um serviço de fidelidade ao Santo Padre, à Igreja. Eu me sinto muito identificado com a Igreja na América Latina, com o CELAM,< com meus irmãos bispos e arcebispos e certamente meu trabalho levará em conta esse vínculo fraterno que temos todos os católicos, e, em particular, os bispos de toda a América Latina.

Qual é o papel da Igreja nas eleições a realizar-se na Venezuela em dezembro?

"Na Venezuela nos cabe, à toda a Igreja, ser fator de unidade em um momento no que há muitas divisões, discórdia, desconfiança. Temos a tarefa de trabalhar para que se superem as causas dessas divisões, para que diminua essa desconfiança e se fomente o amor, a confiança, a convivência entre todos os venezuelanos. Essa seria a tarefa que do ponto de vista social corresponde à Igreja, aos bispos e a mim agora como Cardeal".

A Conferência Episcopal Venezuelana declinou nomear um membro do Comitê de Candidatura. Esta decisão significa que a Igreja esteja à margem de todo este processo?

"Não estamos à margem, estivemos muito ativos chamando todos os setores ao diálogo para que resolva o problema político das próximas eleições e se acreditam as condições para gerar um clima de confiança em todos os setores quanto ao sistema eleitoral. Será criada uma comissão assessora da Igreja para que acompanhe este processo eleitoral e que emita suas opiniões sobre os assuntos que tenham a ver com a questão eleitoral que este ano é muito importante para todos os venezuelanos".

Como vê a relação entre a Igreja e o Estado na Venezuela? Quais são suas expectativas e esperanças a respeito?

A esperança de que em um clima de entendimento e de diálogo baixem os ânimos que muitas vezes exaltados, o que em definitiva não contribui para o progresso do país. Esperamos que haja maior serenidade e harmonia; que os diversos setores políticos procurem o entendimento em vez de estar permanentemente em confronto. Que haja essa capacidade de abrir pontes para que resolvam os problemas sérios que tem atualmente a Venezuela e se chegue a um acordo político para que volte a confiança no sistema eleitoral venezuelano.

Quero fazer um chamado a todos os venezuelanos a viver a fundo nossa fé cristã que é uma glória que nós temos e que nos leva a viver com amor, trabalhando pela justiça, pela solidariedade, pelos pobres com esforço e grande generosidade para que se faça presente no mundo o nome, o amor e a glória de Jesus Cristo, nosso Senhor.

Sabemos que os desafios da Igreja no mundo são muito grandes mas, de maneira específica, quais são os desafios para a Igreja na Venezuela?

O principal desafio na Venezuela é evangelizar. Em um país cuja população cresceu muito nos últimos anos é preciso uma evangelização a fundo, essa Nova Evangelização da qual falava o Santo Padre João Paulo II e, é obvio, a renovação da Igreja na linha do Concílio Plenário da Venezuela que concluímos no mês de agosto do 2005 e cujas conclusões, uma vez aprovadas pela Santa Sé, serão implementadas para impulsionar um crescimento, uma renovação espiritual cheia de alegria pascal, com entusiasmo verdadeiramente apostólico em todos os setores da Igreja na Venezuela.

Mais em

Como o senhor vê a situação da Igreja na Venezuela?

A Igreja está em marcha, viva, trabalhando fortemente, é obvio com os problemas que temos pela escassez de agentes pastorais: sacerdotes, religiosos e religiosas, mas a Igreja está se mexendo. Tivemos nos últimos anos sempre uma grande aceitação, uma grande credibilidade por parte de todo o povo venezuelano, de maneira que estão dadas as condições para que sigamos adiante trabalhando pela evangelização, pelos pobres e por essa renovação fundamental da Igreja em nossa pátria.

Há uma grande alegria na Igreja na América Latina por sua nomeação…

Estou muito agradecido com todos. Daqui, minha fraterna saudação e solidariedade com todos os bispos, sacerdotes, religiosos e religiosas da América Latina. Muito obrigado.