A Opus Dei em Portugal manifestou solidariedade para com as vítimas de abusos sexuais no país, depois de o relatório da Comissão independente apontar cinco casos nesta instituição.

No comunicado, publicado na sexta-feira (14), a prelatura reiterou seu compromisso de criar ambientes seguros no cuidado pastoral de menores.

“O Relatório da Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais contra Crianças na Igreja Católica em Portugal sinalizou 5 casos no âmbito da Prelatura do Opus Dei”, diz o comunicado.

Um dos casos se refere a um padre não identificado que teria feito "perguntas consideradas impróprias numa confissão" no Colégio do Planalto no ano 2000.

"A investigação interna avançará quando houver mais informações", diz o comunicado.

O segundo caso refere-se a “toques impróprios” por parte de um dos dois monitores que dirigiam uma atividade de “lazer” em uma instituição para crianças “onde a Prelatura presta assistência pastoral, por volta de 1997”.

Neste caso, o Ministério Público "decidiu pelo arquivamento", diz o comunicado. “Adotou-se a medida preventiva, não punitiva, de não realizar atividades da Prelatura com jovens”, continua o comunicado.

“Os outros três casos apontam situações ocorridas no âmbito da ação educativa do Colégio Planalto, estabelecimento da Cooperativa Fomento de Centros de Ensino, que tem uma parceria com a Prelatura para a assistência religiosa católica das suas escolas”, continua o texto.

“Se todo o abuso sobre menores é gravíssimo, onde quer que se faça e por quem quer que o realize, mais grave é se for praticado por um cristão”, diz o comunicado.

Por isso, "um cristão da Opus Dei que cometesse esse crime teria de responder perante a justiça e as autoridades civis, reparar os danos, pedir perdão às vítimas, implorar o perdão de Deus, fazer uma profunda e exigente conversão de vida, e ver em que medida esse comportamento afeta a sua pertença à Prelatura”, continua.

A Opus Dei em Portugal coloca à disposição para denúncias, o seguinte número de telefone e e-mail: +351 918 216 568 e protecaomenores.pt@opusdei.org.

“Reafirmamos o nosso compromisso na defesa de um ambiente seguro na assistência pastoral dos menores”, diz o comunicado.

Relatório sobre abusos em Portugal e JMJ Lisboa 2023

Em fevereiro deste ano, Comissão Independente (CI) para Estudos dos Abusos Sexuais de Crianças na Igreja Católica em Portugal apresentou seu relatório final. Segundo o documento, entre 1950 e 2022 houve pelo menos 4.815 vítimas.

Até outubro de 2022, a Comissão recebeu 564 testemunhos, dos quais 512 foram validados.

Após a publicação do relatório, o presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), dom José Ornelas, pediu desculpas às vítimas de abusos sexuais cometidos por membros da Igreja Católica no país.

Poucos dias antes da publicação do relatório, o bispo auxiliar de Lisboa, dom Américo Aguiar, comentou que o papa Francisco poderia acolher um grupo de vítimas de abusos em Portugal, no âmbito da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) que acontecerá na capital portuguesa de 1º a 6 de agosto de 2023.

No início de março, a Fundação JMJ Lisboa e a Associação Portuguesa de Apoio à Vítima assinaram um protocolo para a prevenção e contingência de abusos e violências durante a Jornada Mundial da Juventude.

Na JMJ Lisboa haverá um memorial para as vítimas de abuso, que será colocado permanentemente fora das instalações da CEP.

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