O governo da Nicarágua, liderado por Daniel Ortega, ex-guerrilheiro de esquerda que soma 29 anos no poder, condenou o padre católico Óscar Danilo Benavidez Dávila a 10 anos de prisão, por supostos crimes de “conspiração” e “propagação de notícias falsas”.

No sábado (4), o site de notícias Despacho 360 teve acesso à sentença da juíza Nancy Aguirre, que teria sido proferida em 24 de janeiro.

Segundo a decisão, após um julgamento repleto de irregularidades, o padre foi condenado a cinco anos pelo crime de "propagação de notícias falsas" e outros cinco por "atentado à integridade nacional".

Ele foi multado em 49.917 córdobas, valor equivalente a cerca de 1.350 dólares.

O padre Benavidez, de 50 anos, conhecido por ser um crítico do governo, estava preso desde 14 de agosto, quando foi detido após celebrar uma missa na capela Conceição de Maria, na diocese de Siuna.

Benavidez tinha sido declarado culpado em 16 de janeiro e o Ministério Público pediu oito anos de prisão contra ele. No entanto, a sentença acabou sendo estendida.

O Despacho 360 diz que o padre Benavidez é o primeiro sacerdote condenado por "conspiração e cibercrimes, crimes inventados pelo regime de Daniel Ortega e Rosario Murillo para prender opositores".

Segundo a defesa do padre, durante o julgamento, o alegado “crime” que cometeu foi dar a sua opinião numa publicação nas redes sociais.

O jornal nicaraguense Mosaico informou que a única audiência de julgamento durou menos de oito horas.

No total, nove padres nicaraguenses são acusados do crime de "conspiração", incluindo o bispo de Matagalpa, dom Rolando Álvarez, foi preso junto com outros sacerdotes em 19 de agosto de 2022.

Um relatório do Mecanismo para o Reconhecimento de Presos Políticos, endossado pela Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), diz que, em janeiro de 2023, eram 245 os presos políticos na Nicarágua.

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