“Repetimos com força: não há e não pode haver impunidade para os bispos”, diz um comunicado publicado ontem (8) sobre abusos sexuais pela Conferência Episcopal Francesa (CEF), reunida em assembleia plenária no santuário de Nossa Senhora de Lourdes.

“Pensa-se com razão que a responsabilidade episcopal reforça, naqueles que a exercem, o dever de justiça e as exigências legítimas tanto dos fiéis como da instituição eclesial”, diz o comunicado.

Há 11 bispos enfrentando processo civil ou canônico na França, disse ontem (8) o e arcebispo de Reims, dom Éric de Moulins-Beaufort, presidente da CEF.

No comunicado, a CEF diz que “pela própria natureza de seu ofício apostólico, os bispos dependem diretamente da Santa Sé. Os procedimentos que lhes dizem respeito são mais complexos e levam mais tempo. Estamos comprometidos em trabalhar com a Santa Sé nos esclarecimentos e simplificações necessários".

Surpresa, raiva e tristeza

Os dois casos de revelação mais recentes são o do arcebispo emérito de Bordeaux, cardeal Jean-Pierre Ricard. Ricard confessou na segunda-feira (7) ter abusado de uma adolescente de 14 anos quando era padre, em 1987; e o de dom Michel Santier, cuja condenação em 2021 por ter abusado de dois homens adultos foi mantida em silêncio até outubro deste ano.

Dom Santier, que foi bispo de Luçon e depois de Créteil, foi punido pela Santa Sé por esses abusos, que incluíam a manipulação de sacramentos como a confissão. O comunicado da CEF diz que a revelação desses dois vasos causou "surpresa, raiva e tristeza".

“No caso de Michel Santier, somos muito conscientes das responsabilidades que nos correspondem e trabalhamos durante a nossa assembleia para identificar as disfunções e erros que levaram a uma situação chocante para todos”, diz a CEF.

O comunicado falou sobre o relatório apresentado em 2021 sobre os abusos sexuais na Igreja e diz que, apesar de tudo, estão sendo implementadas medidas para ter ambientes seguros, o que "já está dando alguns frutos".

Depois de admitir que novos casos podem se tornar conhecidos porque "ninguém está imune a faltas graves e dramáticas", os bispos da CEF se ofereceram para continuar fortalecendo "os processos na Igreja que os limitem o máximo possível e que sejam tratados adequadamente quando acontecerem”.

“O comunicado de imprensa do cardeal Jean-Pierre Ricard chocou a todos nós”, diz o comunicado. “Sua iniciativa de revelar um fato grave do seu passado é importante”.

“Mencionamos todas as situações que conhecemos”, disse a CEF. “Referem-se a bispos que não estão mais no cargo. Todos eles foram tratados nos tribunais”.

Com este trabalho, conclui o comunicado, poderão “contribuir para uma renovada fidelidade ao Evangelho. Tal é a nossa firme determinação. Esta é a nossa humilde oração.”

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