As Religiosas da Cruz do Sagrado Coração de Jesus foram expulsas da Nicarágua pelo governo de Daniel Ortega, ex-guerrilheiro de esquerda que soma 29 anos no poder, por causa da “pressão exercida pelos funcionários públicos do Estado para saber de onde vinha cada ajuda que as irmãs recebiam, mesmo nas menores doações”, disse uma fonte próxima à congregação, que pediu anonimato por razões de segurança.

A fonte disse que “elas, assim como as paróquias, vivem das ofertas que os nossos fiéis dão”.

O visto de “residência das irmãs estrangeiras não foi renovado e elas tiveram que deixar o país antes”.

As Religiosas da Cruz do Sagrado Coração de Jesus estavam na diocese de Matagalpa, cujo bispo, dom Rolando Álvarez, está em prisão domiciliar em Manágua há mais de um mês.

A expulsão das freiras ficou conhecida através de uma publicação do meio Nicarágua Informa de domingo (18). “Hoje, vítimas do assédio e das ameaças da ditadura, as Religiosas da Cruz (mexicanas) que estavam em Matagalpa há anos fazendo trabalho espiritual deixaram o país”.

“A comunidade religiosa, que é de vida semicontemplativa, não poderia ser sustentada com apenas três irmãs, pois seu carisma é manter uma adoração constante a Jesus Sacramentado, por isso seus superiores consideraram que era melhor fechar a casa que tinham aqui em Matagalpa”, disse a fonte. "As únicas três irmãs restantes são as três da foto que foi enviada recentemente".

 "Elas sempre eram seis ou mais. Estavam saindo meses antes, principalmente aquelas que não tiveram o visto de residência renovado", disse.

Em sua conta no Facebook, a congregação, com sede no México, informou na terça-feira (20) a chegada das freiras da Nicarágua.

Na tarde de ontem (22), as Religiosas da Cruz do Sagrado Coração de Jesus publicaram uma nota explicativa em sua conta do Facebook para compartilhar as razões pelas quais fecharam a comunidade em Matagalpa.

Disseram que o fechamento se deve ao “vencimento dos vistos de residência das irmãs que faziam parte daquela comunidade”, “problemas de saúde das irmãs” e “falta de pessoal na Congregação para poder fortalecer aquela comunidade”.

“Agradecemos ao Senhor por tudo o que a Igreja peregrina em Matagalpa nos deu através do amor e cuidado dos pastores, padres e fiéis leigos que nos acolheram com muito carinho”, diz o comunicado.

Elas também agradecem a Deus "pelo bem que nos permitiu fazer por aquela Igreja local e país, através da vivência de nossa vocação contemplativa de oração constante diante do Santíssimo Sacramento pedindo a salvação de toda a humanidade e a santificação dos sacerdotes”.

As freiras dizem que “como Congregação continuamos acompanhando esta Igreja Irmã com a nossa oração e sacrifício”.

O comunicado é assinado pela superiora geral, madre Teresa Morán Chávez.

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