A Conferência Episcopal da Guatemala (CEG) publicou um enérgico comunicado no qual lembra ao Governo nacional que a pobreza do país não resolve com meras medidas sanitárias a favor da anticoncepção e o aborto.

"Faz anos organismos internacionais vieram pressionando nossos governos e outros na área para que a população reduza drasticamente promovendo métodos contraceptivos. Permitiremos que eles sejam quem nos imponha suas chamadas ‘normas internacionais’ nos tirando o direito a decidir por nós mesmos?", questionaram.

Os bispos lamentaram que "a análise da pobreza só se relacione com o controle da natalidade. Em muitas ocasiões os bispos da Guatemala nos pronunciamos pelo verdadeiro desenvolvimento dos guatemaltecos, ao que devem ter acesso todos por igual, privilegiando a realidade dos mais necessitados".

"Da limitação do crescimento demográfico, como o pretendem alguns setores, não se segue necessariamente o desenvolvimento econômico e social. O desenvolvimento econômico, a oportunidade de trabalho, a educação, especialmente da mulher, trazem como conseqüência o declive do índice do crescimento populacional", indicaram.

Neste sentido, consideraram que "é totalmente equivocado querer resolver um problema socioeconômico, fruto de injustiças arraigadas em nossa estrutura social, recorrendo a meros serviços de tipo sanitário".

Defesa da vida

Os prelados denunciaram que atualmente "impera uma cultura de total desrespeito à vida humana, desde a prática do aborto até a morte que causam as sub-humanas condições de vida no campo" e lamentaram "a conduta desordenada de tantos jovens no uso da sexualidade favorecida por uma sociedade permissiva e hedonista. Preocupa-nos igualmente o aumento de doentes contagiados com o vírus da AIDS".

Do mesmo modo, explicaram que "a decisão de quantos filhos querem ter é uma decisão livre do casal que precisa estar adequadamente informada sobre a natureza da sexualidade humana, os aspectos culturais, religiosos, éticos, psicológicos e espirituais da sexualidade. Quer dizer, é necessária a educação sexual séria e responsável, que comporte a formação de uma reta consciência moral".

Neste sentido, reforçaram seu rechaço à promulgação da Lei de Acesso Universal e Eqüitativo de Serviços de Planejamento Familiar, e recordaram que "são os pais de família quem tem o direito e a obrigação de educar aos filhos, o qual inclui o acesso à informação e a orientação da decisão no uso da sexualidade e não o Estado ou qualquer ONG".

"A Lei de Acesso Universal e Eqüitativa fala de métodos tradicionais e modernos. Essa terminologia é equívoca e ambígua, pois os métodos de regulação da natalidade ou são naturais ou são artificiais", advertiram.