“No próximo domingo, se Deus quiser, partirei para o Canadá; por isso, gostaria agora de me dirigir a todos os habitantes daquele país. Caros irmãos e irmãs do Canadá, como sabem, irei até vocês especialmente em nome de Jesus para me encontrar e abraçar os povos indígenas”, disse Francisco ontem (17), depois de rezar o Ângelus.

Francisco vai a Edmonton, Quebec e Iqaluit de 24 a 29 de julho onde deve se reunir com membros de grupos indígenas canadenses.

“Infelizmente, no Canadá, muitos cristãos, incluindo alguns membros de institutos religiosos, contribuíram para as políticas de assimilação cultural que, no passado, prejudicaram gravemente, de várias maneiras, as comunidades nativas”, disse o papa.

O governo canadense criou várias escolas internas para educar crianças indígenas longe de seus pais e suas comunidades com o objetivo de assimilá-las mais facilmente. Algumas dessas escolas tiveram sua administração confiada a igrejas, entre as quais a Igreja Católica. Em 2021 foram descobertas valas comuns em que centnas de crianças estavam enterradas. Não se sabe a identidade delas nem como e porque elas morreram. Essa descoberta gerou a situação a que o papa se refere.

Em abril deste ano, o papa recebeu no Vaticano representantes de povos indígenas canadenses. “Manifestei o meu pesar e solidariedade pelos danos que sofreram”, disse o papa ontem.

“Agora preparo-me para empreender uma peregrinação penitencial, que espero, com a graça de Deus, contribua para o caminho de cura e reconciliação já empreendido”, acrescentou. “Agradeço vocês antecipadamente todo o trabalho de preparação e o acolhimento que me darão. Obrigado a todos! E peço-lhes que me acompanhem em oração”.

O governo canadense do primeiro-ministro Justin Trudeau espera que o papa Francisco peça desculpas em nome da Igreja Católica por eventuais abusos cometidos contra estudantes indígenas em escolas residenciais administradas por católicos. Até agora o papa, reconhecendo os problemas ocorridos, não fez nenhum pedido de desculpa em nome da Igreja.

Os bispos canadenses disseram no ano passado que acolheriam a visita de Francisco como uma “peregrinação de cura e reconciliação”.

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