O papa Francisco lamentou a morte do jornalista Eugenio Scalfari, fundador e ex-diretor do jornal italiano La Repubblica. Scalfari, que se anunciava ateu, morreu na quinta-feira, 14 de julho, aos 98 anos.

O diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, Matteo Bruni, disse que o papa Francisco soube "com pena da morte de seu amigo".

Em declarações a um meio italiano e não através de uma mensagem oficial, a Santa Sé disse que o papa "guarda com carinho a memória dos encontros - e das conversas densas sobre as últimas questões do homem - que teve com ele ao longo dos anos e confia a sua alma ao Senhor em oração, para que o receba e console aqueles que estavam próximos a ele".

Em 2015, Scalfari disse que o papa Francisco havia feito comentários que negavam a existência do inferno. Ele também afirmou em março de 2018 que o papa lhe disse que "o inferno não existe, o desaparecimento das almas dos pecadores existe".

Em resposta a tais alegações, a Santa Sé declarou que o que Scalfari escreveu não deve ser considerado uma representação exata das palavras do papa Francisco, mas sim a própria "reconstrução" do autor.

Em 2019, o jornalista italiano afirmou num artigo intitulado "Sínodo, Francisco e o Espírito Amazônico", publicado em 8 de outubro daquele ano: "quem teve, como aconteceu comigo várias vezes, a sorte de encontrá-lo e falar com ele com a maior confiança cultural, sabe que o papa Francisco concebe Cristo como Jesus de Nazaré, homem, não Deus encarnado, homem, não Deus encarnado”.

"Uma vez encarnado, Jesus deixa de ser um Deus e se torna um homem até sua morte na cruz", disse. "Quando me aconteceu discutir essas frases, o papa Francisco me disse: 'são a prova de que Jesus de Nazaré uma vez feito homem, embora um homem de virtude excepcional, não era completamente um Deus'", escreveu Scalfari.

A Santa Sé disse que não houvera uma entrevista formal, mas um "encontro privado por ocasião da Páscoa".

Em 2013, Scalfari disse que todas as suas entrevistas foram feitas sem aparelho de gravação ou anotações do que o entrevistado disse. “Tento entender a pessoa que estou entrevistando e depois escrevo suas respostas com as minhas próprias palavras”, disse o jornalista sobre seu método de trabalho.

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