Morreu na manhã de hoje (4) o arcebispo emérito de São Paulo (SP), cardeal Cláudio Hummes, aos 87 anos.  Segundo a arquidiocese, o cardeal estava em sua residência na zona sul da capital paulista onde permanecia em cuidados paliativos por causa de um quadro irreversível de câncer.

A arquidiocese de São Paulo informou que os ritos fúnebres do cardeal Hummes acontecerão na catedral metropolitana a partir das 19h de hoje e  se estenderão até quarta-feira (6), quando haverá a missa de encomendação às 10h. Em seguida, haverá o sepultamento na cripta da catedral. O arcebispo de São Paulo, cardeal Odilo Pedro Scherer celebrará missas com corpo presente hoje, às 20h, amanhã, às 12h, e na quarta-feira, às 10h.

“A Igreja em São Paulo rende graças ao Senhor pela vida de dom Cláudio, por seu exemplo de pastor zeloso do povo de Deus. O cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo metropolitano de São Paulo, convida todos a elevarem preces de louvor e gratidão a Deus e de sufrágio em favor do falecido cardeal Hummes”, afirmou a arquidiocese em comunicado do Vicariato Episcopal para a Pastoral da Comunicação.

Também em nota, o arcebispo de São Paulo, cardeal Odilo Pedro Scherer, manifestou “grande pesar” pela morte de dom Hummes “após prolongada enfermidade, que suportou com paciência e fé em Deus”. “Convido todos a elevarem preces a Deus em agradecimento pela vida operosa do falecido Cardeal Hummes e de sufrágio em seu favor, para que Deus o acolha e lhe dê a vida eterna, como creu e esperou”, disse o arcebispo.

O cardeal Cláudio Hummes nasceu em 8 de agosto de 1934, em Salvador do Sul (RS). Ingressou na Ordem Franciscana dos Frades Menores e foi ordenado sacerdote em 3 de agosto de 1958. Foi nomeado bispo de Santo André (SP) em março de 1975 e, em maio do mesmo ano, recebeu a ordenação episcopal. Em 1996, foi nomeação para a arquidiocese de Fortaleza (CE) e, em 1998, transferido para a arquidiocese de São Paulo, onde permaneceu até 2006. Foi criado cardeal em 2001.

Entre 2006 e 2011, foi prefeito da Congregação para o Clero, da Santa Sé. No Brasil, foi presidente da Comissão Episcopal para a Amazônia, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), da Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM) e da recém-criada Conferência Eclesial da Amazônia (CEAMA).

O cardeal Claudio Hummes foi o relator geral do Sínodo da Amazônia, que aconteceu em outubro de 2019. Após a publicação da exortação apostólica pós-sinodal Querida Amazônia, em 2020, o cardeal Hummes comentou o fato de o documento final do sínodo, que defende temas polêmicos como ordenação de homens casados e as diaconisas, não ser citado na exortação Querida Amazônia.

“O papa não cita nenhum para não dizer que este é mais importante ou este deve ser rejeitado”, disse. Segundo o cardeal Hummes, o fato de o papa não falar de nenhum ponto do documento final “mostra que ele aprecia todos. E, por que ele aprecia? Porque são frutos do sínodo, não são frutos de um pequeno grupo de teólogos, mas é um sínodo que a Igreja ouviu. Tudo aquilo que o Sínodo decidiu ali e aprovou tem igual importância”, disse na época.

A escolha do nome de Francisco

O cardeal Cláudio Hummes também ficou conhecido por sua influência na escolha do nome Francisco adotado pelo então cardeal Jorge Bergoglio ao ser eleito papa em 2013.

Após a eleição, o papa Francisco contou que o cardeal Hummes, “um grande amigo”, estava ao seu lado na Capela Sistina. “Quando os votos atingiram dois terços, surgiu o habitual aplauso, porque foi eleito o papa. Ele abraçou-me, beijou-me e disse-me: 'Não se esqueça dos pobres!' E aquela palavra se gravou em minha cabeça: os pobres, os pobres. Logo depois, associando com os pobres, pensei em Francisco de Assis”, contou o papa.

Em uma carta ao arcebispo emérito de São Paulo em 2021, o papa Francisco recordou duas frases daquele que o cardeal Hummes lhe disse no momento da eleição que, para ele, ficaram na história: “é assim que o Espírito Santo age” e “não se esqueça dos pobres”.

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