"Nenhuma crueldade ou tirania pode impedir que a Igreja floresça e cresça na fé cristã”, disse o padre nigeriano Oseni Jude Osilama Ogunu. "As vítimas mortas do massacre de Owo nos deixam uma obrigação moral", disse o padre da Congregação dos Oblatos da Virgem Maria à ACI Prensa, agência em espanhol do grupo ACI.

No domingo (5), Solenidade de Pentecostes, homens armados entraram na Igreja Católica de São Francisco Xavier, em Owo, Estado de Ondo, Nigéria atirando nos fiéis dentro do templo. Pelo menos 40 pessoas morreram.

A Nigéria sofre com o terrorismo islâmico e o banditismo cometido por milicianos muçulmanos desde pelo menos 2013, quando teve início uma inserreição liderada pelo gruppo radical islâmico Boko Haram.

Um “ciclo satânico

O padre Oseni, que também é presidente da Fundação para os Direitos Humanos e o Desenvolvimento do Patrimônio Cristão Africano, disse que ficou chocado e com raiva ao saber do massacre.

“Por muito tempo, os nigerianos foram forçados a sofrer com esse ciclo satânico no qual os chamados ‘pistoleiros desconhecidos’ matam, mutilam e sequestram pessoas inocentes de forma contínua e calculada e destroem suas igrejas, casas e propriedades”, disse ele.

O grito de socorro de um povo

Oseni denunciou que "é realmente incrível que no século XXI as pessoas sejam perseguidas e mortas por sua fé religiosa".

"Mas na Nigéria, infelizmente, isso é possível quando o governo não oferece segurança para toda a população, ou protege seletivamente algumas pessoas e ignora a segurança de outras", continuou ele. “Os funcionários do governo, que deveriam proteger todos os cidadãos, são facilitadores de terroristas e sequestradores”.

Isso “é possível quando uma terra mal governada não conhece segurança e quando a comunidade internacional se cala diante das atrocidades cometidas e da inépcia das autoridades governamentais, quando ignoram o constante pedido de ajuda do povo e se recusam a intervir”, disse o padre

Aprender a se defender

Oseni vê perigo de enfatizar "calma e paciência" diante desses ataques, pois isso pode ter um efeito "anestésico" sobre a população. Para o padre, é preciso "aprender a se defender contra uma agressão violenta e o perigo iminente”.

"Este é um processo educativo que precisa começar agora, e algumas comunidades já têm algumas formas organizadas de se defender", disse. “Os cristãos devem cuidar uns dos outros”, já que “somos um só corpo de Cristo. Os cristãos não podem simplesmente ignorar as crueldades cometidas contra seus irmãos e irmãs e não sentir sua dor e sofrimento”.

O padre também afirmou que os católicos de todo o mundo podem ajudar através da oração e disse que “é necessário aumentar a conscientização sobre a perseguição que os cristãos enfrentam”.

“Cristo estava presente no meio deles”

Oseni destacou que "Cristo estava presente no meio deles" no momento do ataque e que "Deus estava presente e os viu, Ele conhece o coração e a vida de cada indivíduo".

“Humanamente falando, é difícil entender por que ele permitiu que eles morressem naquele momento e como eles morreram. Não questionamos sua sabedoria. Em oração, confiamos nossos irmãos e irmãs mortos à misericórdia e compaixão de Deus”.

“O mal não pode triunfar sobre a verdade. As vítimas mortais do massacre de Owo nos deixam com uma obrigação moral, devemos manter vivos e honrar sua memória e preservar na fé”, disse Oseni.

"A história da Igreja mostra que nenhuma crueldade ou tirania pode impedir que a Igreja floresça e cresça na fé cristã", disse ele.

Oseni destacou que “os católicos e todos os cristãos devem avançar no amor, orar, trabalhar juntos e ser um canal de bênção para os irmãos e irmãs que testemunham Cristo em condições extremas”.

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