A diocese alemã de Trier, liderada pelo bispo Stephan Ackermann, anunciou a suspensão da causa de beatificação do padre Joseph Kentenich, fundador do movimento internacional de Schoenstatt, informou a CNA Deustch, agência em alemão do grupo ACI, na terça-feira (3).

"As discussões dos últimos dois anos mostraram que há necessidade de uma investigação completa da pessoa e da obra de Joseph Kentenich", disse o bispo. "Por isso, acolherei as investigações correspondentes nos próximos anos", acrescentou.

"Sou consciente de que a suspensão do processo de beatificação é uma medida dolorosa para a família de Schoenstatt", disse o bispo.

Em 2020, o bispo de Trier anunciou que criaria uma comissão de historiadores para analisar a causa de beatificação do padre Kentenich, após denúncias de que ele havia agido de forma coerciva e manipuladora contra as freiras do Instituto Secular das Irmãs Marianas de Maria de Schoenstatt. Em 2021, o bispo disse que estabeleceria um "grupo de especialistas".

Segundo a diocese de Trier, a decisão de interromper o processo de beatificação foi discutida com a Congregação para as Causas dos Santos da Santa Sé.

Ao tomar conhecimento da decisão, a presidência geral da Obra Internacional de Schoenstatt publicou um comunicado no qual afirma: "Acolhemos esta decisão, sem deixar de agradecer à diocese o trabalho realizado até agora em relação a este processo. Schoenstatt aproveitará a suspensão do processo de beatificação para uma nova e intensa elaboração dos contextos históricos".

"Anteriormente era necessário reserva e sigilo devido ao processo de beatificação em curso, agora as questões e conclusões podem ser tratadas e comunicadas com a necessária abertura. Estão em curso considerações sobre o marco em que a investigação será prosseguida", acrescenta.

O padre Joseph Kentenich fundou o Movimento Apostólico de Schoenstatt na Alemanha em 1914. Ele foi para os Estados Unidos em 1951 e foi autorizado a retornar à Alemanha em outubro de 1965. Morreu três anos mais tarde e o processo de beatificação começou em 1975.

O movimento, que inclui padres, mulheres consagradas e leigos, está presente em 42 países e se concentra na formação espiritual e na espiritualidade mariana.

Schoenstatt, na diocese de Trier, ainda é a sede principal do movimento.

Em 2020, a teóloga e historiadora da Igreja Alexandra von Teuffenbach publicou uma investigação sobre o movimento de Schoenstatt.

A investigação revelou que o padre Kentenich teria um poder manipulador e coercitivo sobre as mulheres consagradas no movimento, às vezes de natureza sexual.

O movimento nega as alegações de que seu fundador era abusivo.

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