O presidente da Conferência Episcopal Alemã, dom Georg Bätzing, respondeu a uma carta, assinada por mais de 70 bispos de todo o mundo, que adverte que o controverso Caminho Sinodal do país pode levar ao cisma.

“O Caminho Sinodal é nossa tentativa na Alemanha de enfrentar as causas sistêmicas de abuso e seu encobrimento que causaram sofrimento incalculável a tantos dentro e através da Igreja”, escreveu dom Bätzing na quinta-feira (14) dirigindo-se ao arcebispo de Denver, EUA, dom Samuel Aquila.

A carta do bispo alemão foi publicada em 16 de abril no site dos bispos alemães.

Mais de 80 bispos de todo o mundo assinaram uma carta aberta em 11 de abril, enviada por dom Aquila, alertando que mudanças radicais no ensino da Igreja defendidas pelo Caminho Sinodal podem levar ao cisma.

O "Caminho Sinodal" é um processo que reúne leigos alemães e bispos católicos para discutir quatro temas principais: o exercício do "poder", a moral sexual, o sacerdócio e o papel da mulher na Igreja. Quando os bispos alemães lançaram o processo, eles inicialmente disseram que as deliberações seriam "vinculantes" para a Igreja alemã, o que causou a intervenção da Santa Sé negando tais afirmações.

A assembleia sinodal votou a favor de documentos pedindo a ordenação de mulheres ao sacerdócio, bênçãos de uniões do mesmo sexo e mudanças no ensino sobre atos homossexuais.

Dom Bätzing escreveu em sua resposta às preocupações de dom Áquila que os abusos na Igreja haviam dificultado seu testemunho e que “o caminho sinodal é, portanto, também nossa tentativa de mais uma vez tornar possível uma proclamação da Boa Nova com credibilidade”.

"Esta ocasião e contexto são particularmente importantes para nós, mas infelizmente não são mencionados em sua carta", disse.

A recente carta aberta fez referência à crítica de dom Aquila ao caminho sinodal publicada em maio de 2021, na qual disse que a assembleia sinodal alemã tem razão ao expressar sua angústia pelos escândalos e encobrimentos de abuso sexual do clero. O texto fundamental do Sínodo tem razão ao dizer que esses escândalos geraram "uma verdadeira crise de credibilidade para a Igreja", escreveu o arcebispo de Denver.

Deve haver consequências do escândalo de abusos para as “estruturas” da Igreja, continuou dom Bätzing. Ele criticou a recente carta aberta, dizendo que usa "floreios eufemísticos" que "realmente não ajudam" ao problema.

Ele chamou as "acusações" feitas na carta de "chocantes" e afirmou que nenhuma delas foi justificada.

“Posso garantir de coração aberto: esses temores sobre o caminho sinodal da Igreja Católica na Alemanha não são corretos. Portanto, o caminho sinodal de forma alguma mina a autoridade da Igreja, incluindo a do papa Francisco, como você escreve”, escreveu ele.

E acrescentou: “Pude falar várias vezes com o Santo Padre sobre o caminho sinodal. Em sua carta ao povo de Deus peregrino na Alemanha, ele nos pediu expressamente que percorrêssemos o caminho como uma busca 'de uma resposta audaz à situação atual' e ao mesmo tempo como um caminho espiritual, pedindo a orientação do Santo Espírito".

O papa Francisco enviou uma carta de 19 páginas aos católicos alemães em junho de 2019, exortando-os a se concentrarem na evangelização diante de uma “crescente erosão e decadência da fé”.

Dom Bätzing rejeitou a observação de que o caminho sinodal é guiado pela "análise sociológica e pelas ideologias políticas contemporâneas, incluindo a do gênero", afirmando que é guiado antes pela Escritura, Tradição, Magistério, teologia, o sentido dos fiéis e "os sinais dos tempos interpretados à luz do Evangelho".

“Ao aproximarmo-nos juntos das Festas Santas”, concluiu o bispo alemão, “garanto a vocês que os católicos na Alemanha, ouvindo a voz de Nosso Senhor Jesus Cristo, que é também Senhor da história, juntamente com a Igreja em todo o mundo, como povo peregrino de Deus, continuarão também o seu caminho através deste tempo, unidos na esperança pascal de que Ele os espera no fim dos tempos”.

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