O papa Francisco disse aos católicos em Malta, neste sábado, 2 de abril, que, quando oferecem caridade aos migrantes e refugiados que chegam às suas costas, estão servindo ao próprio Cristo. Ao lado de fora do santuário nacional de Malta dedicado à Virgem Maria, Francisco ressaltou que os católicos “não podem apenas acolher uns aos outros, no abrigo de nossas belas igrejas, enquanto do lado de fora tantos irmãos e irmãs sofrem e são crucificados pela dor, pobreza e violência”.

“A sua é uma posição geográfica crucial, com vista para o Mediterrâneo. Você é como um ímã e porto de salvação para as pessoas atingidas pelas tempestades da vida que, por vários motivos, desembarcam em suas praias”, disse. “É o próprio Cristo que aparece para você no rosto desses pobres homens e mulheres”, pontuou o papa.

O religioso presidiu uma reunião de oração na basílica da ilha de Gozo, a segunda maior ilha de Malta, e chegou até lá depois de viajar a bordo de um catamarã chamado “Maria Dolores”.

Esta não é a primeira vez que um papa viaja em um catamarã. João Paulo II foi transportado de catamarã durante sua visita a Malta em 1990, inspirando o nome do maior catamarã de alta velocidade do Mar Mediterrâneo.

A multidão de mais de 2.000 pessoas reunidas em frente ao santuário mariano na ilha de Gozo esperava ansiosamente pelo Papa Francisco, cantando “Papa Franceso” antes da chegada do papamóvel.

A Basílica do Santuário Nacional da Santíssima Virgem de Ta' Pinu tornou-se um destino de peregrinação popular para os malteses no final do século 19, depois que uma camponesa chamada Carmela Grima dizer que ouviu a voz da Virgem Maria, que a chamou para rezar lá.

A capela original de Ta'Pinu, que significa "de Filipe", remonta ao século 16, mas recebeu tantos peregrinos que um santuário maior da basílica foi construído no local de 1920 a 1931.

O papa passou um momento em oração dentro da basílica, rezando três Ave-Marias e oferecendo uma rosa de ouro diante de sua venerada imagem da Santíssima Virgem de Ta'Pinu. O papa então cumprimentou e ofereceu sua bênção aos doentes, idosos e deficientes que estavam sentados dentro da basílica perto do altar.

Em seu discurso na basílica, ele ressaltou a importância de testemunhar uma fé viva e proclamar o Evangelho no país em meio à crescente apatia em relação ao catolicismo, principalmente após o fechamento das igrejas devido à pandemia do Covid-19.

“Irmãos e irmãs, a Igreja maltesa pode orgulhar-se de uma rica história da qual podem ser extraídos grandes tesouros espirituais e pastorais. No entanto, a vida da Igreja – tenhamos sempre isso em mente – nunca é apenas ‘um passado para lembrar’, mas um ‘grande futuro a construir’, sempre em docilidade aos planos de Deus”, disse o papa.

“Às vezes, as estruturas podem ser religiosas, mas por baixo das aparências, a fé está desaparecendo”, continuou o papa Francisco. “Precisamos garantir que as práticas religiosas não se reduzam a relíquias do passado, mas permaneçam a expressão de uma fé viva e aberta que difunde a alegria do Evangelho”.

Mais de 85% da população de Malta são católicos batizados, mas a frequência semanal à missa no país tradicionalmente católico diminuiu constantemente nos últimos 50 anos.

Confira também: