Ao receber os bispos da República Tcheca, o Papa Bento XVI assinalou que o Estado não deveria temer reconhecer o direito da Igreja de cumprir sua missão e tê-la como interlocutora pois seu trabalho não acarreta dano algum a suas funções de serviço aos cidadãos e, inclusive, toda a sociedade se beneficia dela.

"O Estado não deveria ter problemas para reconhecer na Igreja um interlocutor que não cria nenhum prejuízo a suas funções a serviço dos cidadãos. A Igreja desenvolve sua ação no âmbito religioso, para consentir aos fiéis que expressem sua fé, sem invadir a esfera de competência da autoridade civil", disse o Santo Padre aos prelados da Conferência Episcopal da República Tcheca em visita "ad limina".

"Como é sabido, a Igreja não procura privilégios, mas apenas poder realizar sua missão. Quando tem este direito reconhecido, na realidade toda a sociedade se beneficia", acrescentou o Papa nesta sexta-feira.

No início de seu discurso, o Santo Padre afirmou que nos encontros com cada um dos prelados tchecos tinha constatado que a Igreja neste país "é muito viva e se sente chamada a ser levedura em uma sociedade secularizada, mas ao mesmo tempo, interessada na mensagem libertadora mas exigente do Evangelho".

Bento XVI disse que "as devastações materiais e espirituais do regime precedente deixaram nos concidadãos, agora que recuperaram a plena liberdade, o desejo de recuperar o tempo perdido, continuando em frente, mas sem prestar possivelmente uma suficiente atenção à importância dos valores espirituais que dão consistência às conquistas civis e materiais".

Suas comunidades, continuou, "já oferecem um testemunho sólido que atrai muitas pessoas do mundo da cultura. Trata-se de um sinal de esperança para a formação de um laicado amadurecido, que saiba encarregar-se das próprias responsabilidades eclesiásticas".

Além de mostrar sua satisfação por alguns sinais de esperança, o Papa animou os bispos a dedicar especial atenção à pastoral vocacional que saia ao encontro da escassez de sacerdotes e à formação de sólidas famílias cristãs.

Do mesmo modo, o Papa destacou a importância da participação do laicado nas paróquias e na vida litúrgica e exortou aos prelados a "prosseguir com confiança no diálogo ecumênico".