“Descobri o rito tridentino há cerca de 30 anos graças aos dominicanos do Espírito Santo e fui tocada pela sacralidade litúrgica que não conhecia até então. Os sacerdotes, assim como os fiéis que conhecemos, foram um grande apoio para o crescimento espiritual de toda a nossa família.”

Esse é o testemunho de uma das mães que marchará a Roma para levar ao papa a sua experiência e o apego de muitos fiéis à liturgia anterior à reforma do Concílio Vaticano II.

Em julho passado, o papa Francisco publicou o motu proprio Traditionis custodes que restringe a celebração da missa tradicional, que Bento XVI e são João Paulo II haviam liberado. O papa alegou a necessidade de garantir a unidade na Igreja.

A associação La voie Romane (A Via Romana), criada para levar, em uma marcha a pé até Roma, cartas de fiéis de toda a França e de outros países em defesa da liturgia antiga, reúne mães de sacerdotes que celebram segundo o missal de 1962.

Não há nenhuma garantia de que o papa receberá essas mães, mas o testemunho que dão é o de um vínculo muito particular com os filhos que acompanham na sua vocação religiosa, e poderão expressar, explicam os organizadores, "esse sofrimento, humano e espiritual ao papa Francisco. O objetivo é receber dele “um encorajamento e talvez milagrosamente, uma mudança sobre a liberdade de celebrar o rito tridentino na Igreja”.

A marcha sairá de Paris no dia 6 de março de 2022. Serão etapas de cerca de vinte quilômetros, até Roma, aonde os participantes deverão chegar em 1º de maio. As paradas também serão ocasiões de encontros espirituais. As redes sociais vão permitir que quem não puder participar acompanhe a marcha.

A marcha que é apoiada pelas mães dos sacerdotes ligados ao "vetus ordo" é aberta a todos e os organizadores sublinham: "desejamos confiar às mães dos sacerdotes a tarefa de marchar de Paris a Roma para colocar aos pés do Santo Padre a petição de todos os fiéis que vivem a fé através do rito tridentino e em plena comunhão com a Igreja. Fortalecidos pelo nosso amor por esta liturgia que ainda hoje leva muitas almas a voltar ao Senhor”.

E acrescentam: “Surpreendentemente, a maioria das cartas que recebemos para nossa marcha não vêm de cristãos tradicionalistas, mas de cristãos que querem testemunhar seu apego a esse rito”.

O motu propio Traditiones custodes dá ao bispo local a responsabilidade de autorizar ou não a celebração da missa tradicional em sua diocese. Desde julho, as reações dos bispos são variadas. Em muitos casos, os bispos locais confirmaram de fato, em acordo com a Santa Sé, os compromissos com as celebrações do vetus ordo já existentes em várias paróquias. Outras dioceses restringiram parcial ou totalmente a celebração da missa tradicional.

No dia 18 de dezembro a Congregação para a Divina Liturgia e a Disciplina dos Sacramentos publicou um documento em forma de respostas a perguntas que restringe mais a possibilidade de missas tradicionais e veta o uso da liturgia anterior ao Vaticano II para qualquer outro sacramento que não a eucaristia.

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