Uma pacífica Marcha pela Vida em Chicago no sábado, 8 de dezembro, tornou-se contenciosa quando parte da multidão vaiou o arcebispo da cidade, cardeal Blase Cupich, durante o discurso dele.

Depois de falar, Cupich saiu escoltado pelo pessoal de segurança, segundo o jornal Chicago Tribune.

Um minuto depois de começar a falar, Cupich, que usava máscara no comício ao ar livre, provocou uma onda de vaias ao elogiar as pessoas que viu na multidão usando máscaras.

"Viemos aqui nestes dias de pandemia, quando a vida está ameaçada. E estou muito feliz por ver muitos de vocês usando máscaras. Espero que continuem a procurar maneiras de acabar com esta pandemia para promover a vida. É muito importante fazer isso", disse Cupich.

Ouvindo as vaias e gritos na multidão, Cupich acrescentou: "Agora eu conheço vocês, há alguns na multidão aqui que não respeitam os nascituros, e isso é uma pena. Mas deixe-me falar. Deixe-me falar."

As vaias e reclamações diminuíram momentaneamente, mas voltaram ao final das observações de Cupich. Alguém na multidão gritando declarações sobre "Biden" e um homem gritou: "Diga à USCCB", sigla em inglês da Conferência dos Bispos Católicos dos Estado Unidos.

"Bem, essas pessoas não me deixam falar porque não estão aqui para respeitar o nascituro. Não estão aqui para respeitar você", respondeu Cupich.

Cupich foi criticado por membros do movimento pró-vida no ano passado por causa de seu esforço para evitar um confronto direto entre a USCCB e o presidente americano, Joe Biden, que promove o aborto e a ideologia de gênero.

Um ano atrás, Cupich fez, via Twitter, uma crítica contundente ao que chamou de declaração "infeliz" que a USCCB divulgou no dia da posse de Biden. Na declaração a conferência chamava o aborto de "um ataque direto à vida que também fere a mulher e prejudica a família."

Cupich foi a Roma encontrar o papa Francisco dez dias depois, movimento que alguns observadores viram como tentativa de obter ajuda da Santa Sé para evitar que a USCCB adotasse uma política de negar a comunhão a Biden e outros políticos que promovem abertamente o aborto. Os bispos dos EUA aprovaram em novembro por 222 votos a oito, com três abstenções, um novo documento sobre renovação eucarística na Igreja. O documento não menciona Biden nem fala de medidas contra políticos católicos pró-aborto.

Em seu discurso na Marcha pela Vida em 8 de janeiro, Cupich falou da possibilidade de que a Suprema Corte dos EUA reverta a decisão Roe x Wade de 1973, que liberou o aborto no país, quando julgar, ainda neste ano, a lei do Mississipi que praticamente proíbe abortos no Estado.

"Temos muitos motivos para ter esperança de que as proteções legais para a criança no útero, que defendemos há décadas, logo se tornem uma realidade", disse Cupich. "Mas, como já ouvimos hoje, esse não é realmente nosso único objetivo".

"Marchamos hoje pelo respeito por toda a vida humana. Esse é o objetivo que precisamos perseguir", disse o cardeal. Mais tarde, Cupich falou sobre a necessidade de defender os velhos, os doentes, os migrantes e os pobres, contra uma mentalidade que trata a vida humana como se fosse "descartável".

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