O padre Leandro Bonnin, autor de livros sobre espiritualidade católica, falou sobre o significado da Festa dos Santos Inocentes de 28 de dezembro dizendo que, no mundo de hoje, o aborto continua aniquilando a vida de milhões de crianças inocentes.

Segundo o relato do Evangelho segundo são Mateus, o rei Herodes mandou matar em Belém e seus arredores os meninos com menos de dois anos, porque os reis magos não lhe revelarem quem era o Messias.

Quando os reis já haviam partido, um anjo apareceu em sonho a são José, e disse-lhe para pegar o “menino e sua mãe”, fugir para o Egito e ficar lá. “José levantou-se durante a noite, tomou o menino e sua mãe e partiu para o Egito. Ali permaneceu até a morte de Herodes", narra o Evangelho.

O Diretório de Liturgia e Piedade, publicado pela Santa Sé em 2002, no parágrafo em que se refere à festa, assinala que “em nossos dias as crianças ainda sofrem inúmeras formas de violência, que ameaçam sua vida, dignidade, moral e o direito à educação. É preciso ter presente neste dia a inumerável multidão de crianças não nascidas e assassinadas sob a proteção das leis que permitem o aborto, um crime abominável”.

Numa reflexão enviada à ACI Prensa, agência em espanhol do grupo ACI, o padre Bonnin considera que “é importante perceber que a maldade atual é muito maior do que no passado”.

“Hoje a identidade humana do embrião está absolutamente fora de dúvida, graças aos avanços da genética e da embriologia. A barbárie de Herodes é multiplicada exponencialmente pelos promotores do aborto e pela indústria gerada em torno dos corpos das crianças abortadas, como pudemos testemunhar com horror no moderno século XXI”, lamentou.

O sacerdote afirma que o sangue das crianças abortadas “clama aos céus” e lamenta que a humanidade “se acostume a conviver com este crime”.

“O nosso silêncio poderia inclusive ser considerado cúmplice”, destacou.

Mas “esta festa é um sinal de esperança”, disse o padre. “Deus sempre vence”.

“A salvação e 'canonização' destes meninos que foram assassinados de forma sangrenta - sem o batismo sacramental, mas com um 'batismo de sangue', é para nós uma fonte de confiança na salvação das crianças que morreram em consequência de aborto. Acreditamos e confiamos que a misericórdia do Senhor as acolhe, como acolheu os inocentes do século I”, acrescentou.

Os Santos Mártires Inocentes na oitava do Natal

O Diretório de Liturgia e Piedade Popular assinala que “desde o final do século VI, a Igreja celebra no dia 28 de dezembro a memória das crianças mortas pela fúria cega de Herodes por causa de Jesus (cf. Mt 2,16-17)."

“O acontecimento que dá origem a esta celebração é narrado apenas por Mateus, mas é perfeitamente plausível historicamente”, diz o padre Bonnin.

“A tradição litúrgica chama essas crianças de ‘Santos Inocentes’ e as considera mártires. Embora ainda não tivessem o uso da razão, foram incorporados gratuitamente à obra redentora de Cristo e receberam a coroa do martírio”.

“Neles se destaca a primazia da Graça, anterior a todo mérito por parte do homem”, explicou o padre.

Segundo o Diretório: “Ao longo dos séculos, na arte, na poesia e na piedade popular, sentimentos de ternura e simpatia envolveram a memória deste ‘pequeno rebanho de cordeiros imolados’; a estes sentimentos se uniu sempre a indignação pela violência com que foram arrancados das mãos de suas mães e entregues à morte”.

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