O Presidente do Pontifício Conselho para a Unidade dos Cristãos, Cardeal Walter Kasper, pediria a Israel que conceda aos católicos custodiar o Cenáculo, o lugar onde Cristo celebrou a Última Céia e instituiu a Eucaristia e a Ordem Sacerdotal.

A agência Efe informou hoje ter tido acesso a um documento segundo o qual, o Cardeal Walter Kasper chegou a Jerusalém "com um pre-acordo que estipula que a Santa Sé preservaria o caráter histórico do lugar, que permaneceria aberto aos peregrinos e turistas, e que o Israel tomaria conta da segurança da zona".

Segundo a agência, o representante vaticano "pede o uso do Cenáculo para ofícios litúrgicos" e "a entrega de sua custódia à ordem franciscana".

A capela do Cenáculo foi usada pelo Papa João Paulo II durante sua peregrinação à Terra Santa no ano 2000. Ele presidiu uma histórica Missa privada que constituiu a primeira Eucaristia celebrada em vários séculos nesse lugar.

Um pouco de história

A história do edifício do Cenáculo grafica a complexa história da região. Durante a Idade Média, os franciscanos instalaram lá seu primeiro convento em Terra Santa, mas foram expulsos do lugar pelos turcos no ano 1551. Os invasores construiram na área uma mesquita, argumentando que era o lugar onde se encontrava a tumba do rei Davi, que para os muçulmanos também foi um profeta.

Desde a época em que era um templo islâmico fica ainda a mikhrab, o nicho que indica a direção da Meca, diante do qual hoje foi instalada uma cortina e uma cadeira para o Papa.

Posteriormente, o edifício virou propriedade de uma família árabe até que em 1967 foi expropriado pelo Ministério do Culto israelense. Atualmente é sede de uma escola judia e uma sinagoga.

O Cenáculo é o lugar da instituição do sacerdócio ordenado e dos sacramentos da Eucaristia e da Penitência. A palavra latina "Coenaculum" indica o lugar onde se janta, mas em geral designava o andar superior que servia de hospedagem, e onde hoje se encontra a capela.

A tradição cristã sobre a autenticidade do Cenáculo é muito antiga e se remonta a finais do século III. No recinto também há uma antiga capela dedicada à lembrança do Lava-pés. Através do claustro do convento franciscano de 1335 se ingressa ao Museu da Shoah, em lembrança das vítimas dos campos de extermínio nazistas.