Joan Radó, diretor da Cáritas Interparroquial de Mataró, na Catalunha, Espanha, se pronunciou após as queixas de imigrantes muçulmanas sobre o alimento que recebem gratuitamente e que para elas é “muito repetitivo” porque só “tem macarrão”.

Um grupo de mulheres imigrantes muçulmanas exige que a prefeitura local lhes dê um “vale-alimentação” ou “bolsa alimentação”, para que possam gastar somente em alimentos ou entregar o valor aos colégios para que possam custear a alimentação de seus filhos.

 

Joan Radó disse a ACI Prensa, agência em espanhol do grupo ACI, ontem, 28 de outubro, que “na Cáritas Interparoquial de Mataró não temos reclamações quanto aos alimentos que são distribuídos pelo Centro de Apoio Alimentar 'L'Entorn', que é o projeto da cidade que distribui alimentos em espécie. Este centro é coordenado pela Câmara Municipal de Mataró, Cruz Vermelha de Mataró, Cáritas Interparroquial de Mataró e conta com o apoio da Fundação Banco Alimentos”.

Radó especificou que já em março de 2021, 3,7 mil pessoas foram atendidas, ou seja, 1,4 mil famílias, o que significa 60% a mais de pessoas atendidas antes da pandemia do coronavírus.

Mataró é uma pequena cidade da Catalunha cerca de 30 quilômetros a noroeste de Barcelona. Tradicionalmente, tem sido um importante centro administrativo, que agora é marcado pela imigração. Em 2020 tinha cerca de 130 mil habitantes.

O diretor da Cáritas Mataró explicou que as denúncias das mulheres muçulmanas, que se tornaram virais nas redes sociais, foram feitas inicialmente ao programa "Mataró al día", da Mataró Audiovisual, no qual mostraram as famílias em situação irregular convocadas pelo “Sindicat d’Habitatge de Mataró”, e que “protestaram nos serviços sociais da prefeitura para pedir bolsa alimentação para os seus filhos”.

“A situação administrativa deles impede que a prefeitura lhes conceda a bolsa e por isso exigem da administração uma solução”, acrescenta.

“A entrevistada explica que seus filhos não podem comer apenas os alimentos que recebem da Cáritas, mas precisam do apoio da bolsa-alimentação para ter uma maior diversidade de alimentos para as crianças”, explica Radó.

Radó disse à ACI Prensa que “na Cáritas somos conscientes da maior precariedade sofrida pelas famílias de origem migrante, e no relatório que publicamos em novembro de 2020 intitulado 'Fronteiras invisíveis' já assinalávamos que a exclusão social das pessoas de nacionalidade extracomunitária (fora da Comunidade Europeia) quase triplica as de origem espanhola, segundo dados do relatório FOESSA 2019”.

Da mesma forma, “das dez Cáritas com sede na Catalunha, estamos promovendo a campanha #YoComoTú, com o objetivo de sensibilizar os cidadãos sobre as dificuldades que os mais vulneráveis ​​têm para comprar nos comércios comuns e escolher o que querem comer”.

Radó explicou que com esta campanha e “por meio de um cartão pré-pago, as pessoas atendidas pela Cáritas podem comprar de forma autônoma em estabelecimentos comerciais de alimentação, escolher o que querem comer e que a cada mês tenham um valor para destinar à alimentação”.

O modelo, continuou, "já está sendo implementado em muitas Cáritas em toda a Catalunha, e na diocese de Barcelona, ​​mais de 3 mil famílias já se beneficiaram com um cartão-alimentação".

Para concluir, Radó destacou que “o cartão não só pretende dignificar o acesso à alimentação das pessoas mais vulneráveis, mas é também uma forma de promover o comércio local, para que as pessoas possam ter acesso a uma alimentação variada e saudável, ou evitar o desperdício”.

A Cáritas Mataró, como todas as Cáritas, depende diretamente da Igreja Católica através das diferentes paróquias presentes nas dioceses e oferece ajudas e serviços gratuitos, assim como ajudas para o aluguel e moradia, além de um banco de alimentos que distribuem entre as pessoas que precisam.

Confira também:

 

Mais em