“A Europa mostra mais interesse na proteção animal e na subordinação ao ordenamento secular do que às minorias religiosas”, disse o patriarca católico sírio Inácio José III Younan, do Líbano durante visita à sede internacional da organização católica mundial Ajuda à Igreja que Sofre (ACN, na sigla em inglês) na Alemanha.

"O Ocidente não está fazendo o que deveria fazer para defender as minorias no Oriente Médio, especialmente os cristãos”, disse Younan. “Basta olhar para os problemas do Líbano para dizer aos políticos: 'Chega, isto tem que acabar'. Talvez os governos ocidentais não estejam interessados. Eles têm outras prioridades".

Segundo o patriarca, as experiências da Síria, Iraque e Turquia mostraram que os cristãos que emigraram não voltaram mais aos seus lugares de origem. "Não podemos persuadi-los a ficar. Eles se perguntam: Por que devemos voltar se não podemos garantir aos nossos filhos uma vida decente ou liberdade de praticar nossa religião?”

"Temos muito medo de que, se a crise continuar, os cristãos desaparecerão para sempre do Líbano e de todo o Oriente Médio", disse o patriarca.

O Líbano enfrenta uma crise econômica que levou a um processo de hiperinflação. Cerca de 55% da população vive abaixo da linha da pobreza; o número quase dobrou em um ano, segundo a Comissão Econômica e Social para a Ásia Ocidental. Grande parte da população libanesa sofre as consequências da explosão no porto de Beirute em agosto de 2020m que atingiu especialmente o bairro cristão da capital.

A ACN deu ajuda de emergência ao Líbano e tem apoiado a reconstrução de instituições católicas, como igrejas, centros comunitários, jardins de infância e agências de ajuda humanitária. Só em 2021, a organização apoiou mais de 100 projetos católicos no Líbano.

O patriarca Inácio José III Younan de Antioquia é do norte da Síria e desde 2009 é o líder da Igreja Católica Síria, unida a Roma em obediência ao papa. Os católicos sírios representam mais de um quarto do milhão de fiéis católicos no Oriente Médio.

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