O papa Francisco nomeou dom Rolf Steinhäuser como administrador apostólico sede plena da arquidiocese de Colônia enquanto o arcebispo, cardeal Rainer María Woelki, terá, por pedido dele próprio, um período sabático espiritual até a Páscoa de 2022. Woelki foi inocentado por uma visitação da Santa Sé das acusações de ter “agido de forma ilegal ao tratar os casos de abusos sexuais”.  A Santa Sé disse que o cardeal teve uma reavaliação exemplar, mas que houve “erros importantes de comunicação”.

“As acusações de que o cardeal queria encobrir, especialmente ao ocultar inicialmente um estudo inicial, são rejeitadas pelos fatos que foram publicados desde então e pelos documentos examinados pela Santa Sé”, informou a nota oficial que na anunciou a nomeação de Steinhäuser, que é bispo-auxiliar de Colônia. “A determinação do arcebispo de assumir os crimes de abuso na Igreja, de aproximar-se dos afetados e de promover a prevenção se mostra também na aplicação das recomendações do segundo estudo, que já começou”.

De acordo com o comunicado de setembro, o cardeal Woelki cometeu " erros importantes em sua abordagem da questão de chegar a um acordo em seu conjunto, especialmente a nível da comunicação”, e isso contribuiu para uma “crise de confiança” na arquidiocese de Colônia.

Em janeiro de 2019, a arquidiocese de Colônia encarregou o escritório de advocacia Westpfahl Spilker Wastl de investigar arquivos pessoais relevantes de 1975 em diante para determinar "quais déficits pessoais, sistemáticos ou estruturais foram responsáveis ​​no passado por incidentes consistentemente impunes ou ocultos de abuso sexual".

Depois que os advogados arquidiocesanos levantaram preocupações sobre "deficiências metodológicas" no estudo do escritório de advocacia, o cardeal Woelki contratou o especialista jurídico e professor Björn Gercke para fazer um novo relatório.

O relatório Gercke tem 800 páginas e foi publicado em março. Abrange o período de 1975 a 2018 e examina detalhadamente 236 autos com o objetivo de identificar as faltas e violações da lei, bem como os seus responsáveis.

Em resposta ao relatório, o cardeal decidiu retirar temporariamente o bispo-auxiliar Dominik Schwaderlapp e o oficial arquidiocesano Günter Assenmacher. Por causa da crise Schwaderlapp e dom Ansgar Puff, também bispo-auxiliar de Colônia, renunciaram. A Santa Sé não aceitou as renúncias. Puff volta ao serviço em Colônia e Schwaderlapp teve aceito o seu pedido de "trabalhar durante um ano como pároco na arquidiocese de Mombasa, no Quênia".

Até a volta do cardeal Woelki, o bispo auxiliar de Colônia, dom Rolf Steinhäuser, guiará a arquidiocese como administrador apostólico de sede plena para garantir uma “administração adequada”.

Além disso, dom Steinhäuser “vai velar que a Arquidiocese encontre o caminho para um processo espiritual de reconciliação e renovação”, disse a sala de imprensa do Vaticano, em um breve comunicado publicado em 12 de outubro.

Esta é a segunda nomeação de administrador apostólico sede plena feita pelo papa Francisco em todo o seu pontificado.

O primeiro foi nomeado para a arquidiocese de Lyon, França, em junho de 2019, jurisdição então liderada pelo cardeal Philippe Barbarin, que foi inocentado pela justiça civil das acusações de encobrimento de abusos feitas contra ele.

Geralmente, a nomeação do administrador apostólico ocorre quando a sé fica vacante por transferência, renúncia ou morte do bispo encarregado de uma diocese.

O administrador apostólico exerce na prática as funções do bispo de forma temporal, até que o papa nomeie o bispo sucessor.

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