O Arcebispo de Madri, Cardeal Antonio María Rouco Varela, deu uma conferência no Clube Século XXI, intitulada "a Espanha e seu futuro. A Igreja Católica", em que afirmou que "é impossível prescindir da Igreja Católica para qualquer análise de sua realidade atual (da Espanha) e muito mais de seu horizonte futuro".

"A pergunta pelo futuro da Espanha pressupõe a realidade histórica da Espanha, sua consistência atual e sua capacidade e possibilidades de desenvolvimento futuro sem renunciar a sua identidade e muito menos a sua existência histórica" indicou o Cardeal, por isso é impossível "prescindir da Igreja Católica para qualquer análise de sua realidade atual e muito mais de seu horizonte futuro", precisou.

História e ordem jurídico

O Arcebispo de Madri afirmou que a fé católica na Espanha inspira uns "princípios antropológicos, éticos e jurídicos de uma política que abre autênticos caminhos para a valoração incondicional da dignidade pessoal de todo homem por sua igual vocação de filho de Deus, seja qual for sua raça, condição social e religião".

"A realidade histórica cristã da Espanha aparece marcada pelo sinal do católico’", e "a fé católica, a forma cristã da existência e a presença da Igreja Católica continuem sendo essenciais na configuração histórica da realidade da Espanha durante os séculos XIX e XX", explicou. "Os numerosos textos constitucionais espanhóis apresentados nesse período histórico" dos séculos XIX e XX "reconheceram positivamente o valor singular da Igreja Católica na ordenação do Estado e da sociedade, inclusive com a fórmula de Religião oficial", acrescentou.

O Cardeal Rouco remarcou que "a Igreja e os católicos espanhóis, em sua imensa maioria, contribuíram a seu país luz sobre a verdade do homem e vidas entregues a serviço dos mais pobres e necessitados".

Presente e futuro

"Se não se esquecer o importante –continuou o Cardeal– que é para a sobrevivência e o desenvolvimento frutífero de uma sociedade o superar uma concepção puramente utilitarista do sentido e do valor de si mesmo, a tarefa e a responsabilidade da Igreja Católica no futuro da Espanha é evidente" porque "uma sociedade que não se funda em uma comunidade de ideais de vida e de valores morais fundamentais compartilhados, de convicções básicas sobre o sentido da existência e sobre suas expressões espirituais e/ou religiosas, dificilmente poderá conseguir que a cooperação solidária e a consciência da responsabilidade cidadã despertem e se mantenham vivas a serviço do bem comum".

"O primeiro serviço que a Igreja Católica deve prestar ao povo e à sociedade espanhola hoje e de cara a seu futuro, é o de ser ativamente fiel a sua missão de anunciar, celebrar e servir ao Evangelho, privada e publicamente; quer dizer, o de ser ela mesma no contexto de um diálogo respeitoso e aberto com toda a sociedade e de um compromisso permanente com o princípio de solidariedade entendido e aplicado ao problema da unidade da Espanha com toda a profundidade das exigências da caridade cristã", sublinhou o Arcebispo.

Direitos fundamentais

Para o Cardeal, do Evangelho "brota um convencimento íntimo sobre a verdade do ser humano em sua relação com Deus", que lhe permitem defender "os direitos fundamentais da pessoa humana em toda sua integridade, começando pelo direito à vida desde o momento de sua concepção até sua morte natural, o da liberdade religiosa, o de formar uma família sobre o fundamento do verdadeiro matrimônio, e seguindo pelo direito dos pais a escolher a educação moral e religiosa de seus filhos, até o direito ao trabalho e os outros direitos sociais, econômicos e culturais, reconhecidos pelos Tratados Internacionais vigentes"

Por isso, o Arcebispo manifestou o desejo da Igreja de "estar presente no futuro da realidade histórica da Espanha contemporânea com a mesma dedicação, o mesmo amor e com a mesma paixão pelo Evangelho com que o esteve nos melhores momentos de sua história bimilenária", e se comprometeu a nunca deixar de "orar pela Espanha, para que conserve viva a herança da fé e a herança da cultura florescida no tronco da tradição cristã, e mantenha viva a unidade solidária de todos os espanhóis".