O papa Francisco, em sua alocução prévia à oração do ângelus deste domingo, 03, disse que o primeiro passo para estar perto de Deus é reconhecer-se “pequeno e necessitado”. “Os reveses, as situações que revelam nossa fragilidade são ocasiões privilegiadas para experimentar Seu amor”, disse o papa.

A reflexão deu-se em torno à passagem do Evangelho de São Marcos correspondente à liturgia deste domingo em que Jesus diz: “Deixai vir a mim as crianças. Não as proibais, porque o Reino de Deus é dos que são como elas. Em verdade vos digo: quem não receber o Reino de Deus como uma criança, não entrará nele”.

O papa indicou que "o discípulo não só deve servir aos pequenos, mas também reconhecer-se como pequeno" e perguntou: "Acaso cada um de nós se reconhece como pequeno diante de Deus? Pensemos nisso... isto nos ajudará".

"Saber que somos pequenos, saber que precisamos de salvação, é indispensável para acolher o Senhor". É o primeiro passo para nos abrirmos a Ele. No entanto, muitas vezes esquecemos isso. Na prosperidade, no bem-estar, vivemos sob a ilusão de que somos auto-suficientes, que somos suficientes para nós mesmos, que não temos necessidade de Deus. Irmãos e irmãs, isto é um engano, porque cada um de nós é um ser necessitado, cada um de nós é um ser pequeno, devemos buscar nossa pequenez e reconhecê-la, e lá encontraremos Jesus", advertiu o Papa.

Nesta linha, acrescentou que "na vida, reconhecer-nos como pequenos é o ponto de partida para nos tornarmos grandes" porque "se pensarmos assim, cresceremos não tanto graças aos nossos sucessos e às coisas que temos, mas sobretudo em momentos de luta e fragilidade".

"Ali, na necessidade, amadurecemos; ali abrimos nossos corações a Deus, aos outros, ao sentido da vida". Abrimos nossos olhos para os outros, quando somos pequenos abrimos nossos olhos para o verdadeiro sentido da vida", acrescentou ele.

Desta forma, o papa enfatizou que "quando nos sentimos pequenos diante de um problema, pequenos diante de uma cruz, de uma doença, quando experimentamos cansaço e solidão, não devemos nos sentir desencorajados. A máscara da superficialidade está caindo e nossa fragilidade radical está reemergindo: é nossa base comum, é nosso tesouro, porque com Deus as fragilidades não são obstáculos, mas oportunidades".

O Papa sugeriu aos fiéis uma oração: 'Senhor, olha para a minha fragilidade'. Liste suas fragilidades diante dele, esta é uma boa atitude diante de Deus". "De fato, precisamente na fragilidade descobrimos o quanto Deus se preocupa conosco".

Neste sentido, Francisco lembrou que nesta passagem do Evangelho descreve como Jesus é terno com os pequenos: "ele os abraçou e os abençoou, impondo suas mãos sobre eles" e disse que "os reveses, as situações que revelam nossa fragilidade são ocasiões privilegiadas para experimentar seu amor".

"Aqueles que rezam com perseverança sabem-no bem: em momentos escuros ou de solidão, a ternura de Deus para conosco torna-se - por assim dizer - ainda mais presente. Quando somos pequenos, sentimos mais a ternura de Deus. Esta ternura nos dá paz, esta ternura nos faz crescer. Porque Deus se aproxima de nós com seu estilo de proximidade, compaixão e ternura. Quando nos sentimos 'pouco' por qualquer razão, o Senhor se aproxima, nós o sentimos mais perto e Ele nos dá a paz, Ele nos faz crescer", disse o papa.

Nesta linha, disse aos presentes que "na oração, o Senhor nos abraça como um pai abraça seu filho". Desta forma nos tornamos grandes: não com a ilusória pretensão de nossa auto-suficiência, mas com a força que vem de colocar toda a esperança no Pai. Assim fazem os pequenos, façam assim vocês também".

"Peçamos hoje uma grande graça à Virgem Maria, a da pequenez: ser filhos que confiam no Pai, certos de que Ele nunca deixa de cuidar de nós", concluiu.

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